Alckmin recebe ultimato de deputado evangélico, que cobra gesto de Lula
Cezinha de Madureira, liderança da Assembleia de Deus, quer defesa de evangélicos para "manter a paz" e evitar rompimento total


Na noite de quarta-feira (6), diante da repercussão negativa da pesquisa de opinião da Genial/Quaest apontando queda na aprovação dos evangélicos ao governo Lula, o deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP) pediu uma agenda com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
O parlamentar, que faz parte da Assembleia de Deus, é uma das únicas lideranças evangélicas no Congresso Nacional que dialoga com o governo. Logo na manhã seguinte, de quinta-feira (7), Alckmin abriu as portas de sua residência em Brasília, o Palácio do Jaburu, para receber o deputado.
Embora se deem bem, a conversa foi dura. Cezinha relatou as insatisfações da igreja com as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à resposta do governo de Israel aos ataques terroristas do Hamas. E protestou contra a comparação feita por Lula com o Holocausto praticado pelos nazistas contra o povo judeu.
Cezinha foi explícito com Alckmin. Atacar Israel, segundo ele, é ofender os evangélicos do Brasil. E cobrou um gesto de Lula aos protestantes brasileiros.
Não se trata de políticas públicas, nem mesmo de medidas fiscais. Mas de palavras contundentes. Reconhecer publicamente o trabalho que os evangélicos desempenham na sociedade brasileira, como, por exemplo, chegar onde o Estado falta, disse o parlamentar ao vice-presidente.
Cezinha sabe que Lula tem seus motivos para resistir. E disse esperar que um gesto assim parta, ao menos, de Alckmin — o que não resolveria o problema, mas poderia ajudar a distensionar o clima. Ele explicou que quer continuar ajudando o governo, que não quer romper. Mas que o custo político do apoio está alto.
Alckmin se comprometeu a falar com Lula sobre o assunto. Na Câmara, mais de 90 deputados federais são evangélicos e estão distribuídos em partidos diferentes. Pelo menos 25 deles frequentam a Assembleia de Deus.