Etanol tende a acompanhar a alta dos preços da gasolina, diz ex-diretor da ANP
Com a alta do preço da gasolina, especialistas explicam que o etanol recebe uma demanda maior, o que encarece o produto
Nos postos pesquisados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) em todo o país, o preço médio do etanol subiu 0,28% na semana em relação à anterior, de R$ 4,938 para R$ 4,952 o litro. David Zylbersztajn, ex-diretor da ANP, em entrevista à CNN, explicou que o etanol tende a acompanhar a alta dos preços da gasolina.
“Havendo um preço alto da gasolina, aumentará a demanda e [o etanol] tende a se encostar em uma faixa de competitividade do petróleo”. Nas últimas semanas, A Petrobras anunciou que iria elevar o preço da gasolina e do diesel, após 57 dias sem reajustes.
Para a gasolina, a alta será de 18% e, para o diesel, de quase 25%. Os novos valores começam a ser praticados em 11 de março.
Com a alta do preço da gasolina, especialistas explicam que o etanol recebe uma demanda maior, o que encarece o produto.
E, Apesar dos preços dos combustíveis continuarem subindo no Brasil em meio à alta do petróleo, uma interferência do governo federal na política de preços da Petrobras não faz sentido, aponta Zylbersztajn.
“A companhia é uma empresa de economia mista e, através do Tesouro Nacional, o governo possui a maior porcentagem ações. Porém, a medida pode prejudicar quase um milhão de acionistas, sendo uma boa parte pessoas físicas que colocaram o fundo de garantia [nos papéis], acreditando que a Petrobras teria uma gestão responsável”.
Para o ex-diretor da ANP ainda, mexer em combustíveis artificamente não é o que faz diferença na inflação, “você tem problemas estruturais muito maiores”.
Outro ponto que Zylbersztajn destaca sobre o reajuste dos preços é que a manipulação da cotação afasta investidores, “o que é extremamente prejudicial e nefasto para a Petrobras”.
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O petróleo é considerado uma commodity. O termo se refere a recursos finitos que têm origem na natureza e são comercializados. No caso, o petróleo é usado principalmente como combustível, mas também dá origem a materiais como o plástico
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O petróleo pode ser de vários tipos, dependendo principalmente do seu grau de impureza. Os dois principais, Brent e WTI, são leves (pouco impuros), e a diferença se dá pelo local de negociação: bolsa de Nova York no caso do Brent e bolsa de Londres no caso do WTI
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Os preços do petróleo seguem uma cotação internacional, e flutuam pela oferta e demanda. No Brasil, o preço de referência adotado pela Petrobras - maior produtora no país - é do Brent, seguindo a cotação internacional, em dólar
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Quando se fala da comercialização de petróleo, um fator importante é a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Com 13 membros, ela é responsável por quase 50% da produção mundial de petróleo, e portanto consegue regular a oferta - e preços - pelos fluxos de produção
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A partir de 2020, os preços do petróleo foram afetados pela pandemia. A Opep+ (que inclui países aliados do grupo, como Rússia) decidiu cortar a produção temporariamente devido à baixa demanda com lockdowns, e os preços caíram. A média em 2020 foi US$ 40, distante da média de anos anteriores, entre US$ 60 e US$ 70
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Em 2021, porém, o cenário mudou, com o avanço da vacinação, os países reabriram rapidamente, e a demanda por commodities decolou, incluindo pelo petróleo. A Opep+, porém, decidiu manter os níveis de produção de 2020, e a oferta baixa fez os preços saltaram, ultrapassando US$ 80
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A alta dos preços do petróleo, porém, trouxe consequências negativas para o Brasil. Como a Petrobras segue a cotação internacional e o dólar está valorizado ante o real, ela subiu o preço nas refinarias, o que levou a uma elevação da gasolina e outros combustíveis. Até o momento (dezembro de 2021), o preço da gasolina já subiu 70% ante 2020
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A alta do petróleo não afetou só o Brasil. Países dependentes da commodity, como EUA, Índia e Reino Unido, também viram os preços dos combustíveis subirem, e têm tentado pressionar a Opep+ a retomar os níveis de produção pré-pandemia
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Ao que tudo indica, porém, a mudança na política de preços da Opep+ deve ocorrer apenas em 2022, com os países membros aproveitando para se recuperar das perdas em 2020
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