Sem apoio do governo, BC atua sozinho para conter inflação, diz economista
À CNN Rádio, Paulo Duarte avaliou que pressão para aumento da taxa de juros seria menor, se houvesse responsabilidade fiscal no país

O Banco Central está em uma “situação difícil”, já que não conta com a política fiscal no momento para ajudar sua meta de conter a alta dos preços, na avaliação do economista-chefe da Valor Investimentos, Paulo Duarte.
“(A autoridade monetária) está tendo que atuar sozinha, sem o suporte da equipe econômica, para conter a inflação que corrói o poder de compra e é mais nociva para a população mais carente”, disse nesta quinta-feira em entrevista à CNN Rádio.
Em meio à escalada da inflação e dos temores do mercado em relação a um possível cenário de descontrole fiscal, o BC acelerou o ritmo de alta da Selic, que subiu em 1,5 ponto percentual na noite desta quarta-feira (27), para 7,75% ao ano.
Na visão de Duarte, se a equipe do ministro Paulo Guedes mantivesse o discurso de responsabilidade fiscal, a pressão sobre o BC, seria menor.
“Estava previsto um aumento [da Selic], mas essa magnitude é a maior desde 2002. O que acontece é que o BC vai ter que aumentar a taxa mais rapidamente e chegando num ciclo de aumento maior, especulava-se que pararia em 9%; hoje se fala até 12% para tentar levar IPCA para o centro da meta, não em 2022, mas em 2023”, disse.
(Publicado pro Ligia Tuon)