Juros do cartão de crédito caem para 437,3% em junho, diz Banco Central

Apesar da queda mensal, a taxa segue em patamares historicamente elevados; há o rotativo cobrava 370,4% ao ano, uma diferença de 66,9 pontos porcentuais

Dimalice Nunes, da CNN, São Paulo
Pessoa preenche dados do cartão em computador
Juros do cartão de crédito seguem em patamares historicamente altos, acima dos 450%  • Shutterstock 
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Os juros cobrados pelos bancos no rotativo do cartão de crédito caíram para 437,3% em junho, contra 455,1% em maio, informou o Banco Central (BC) nesta quinta-feira (27) em suas Estatísticas Monetárias e de Crédito.

Apesar da queda mensal, esta taxa segue em patamares historicamente elevados. Há um ano ela estava em 370,4%, uma diferença de 66,9 pontos porcentuais.

Este tipo de juro — o mais caro do mercado financeiro — em geral, é utilizado pelos usuários de cartão de crédito que não conseguem pagar a fatura por completo e optam por fazer o pagamento mínimo, o que gera juros sobre juros.

O ministro Fernando Haddad vem se reunindo com banqueiros para buscar uma alternativa para a redução dos juros do rotativo.

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Na média, a taxa de juros das novas concessões de crédito foi de 31,7% ao ano, queda de 0,8 ponto porcentual no mês e alta de 3,4 pontos na comparação com o mesmo período do ano passado.

O spread bancário -- que é a diferença entre os juros que os bancos pagam ao tomar empréstimos e cobram de seus clientes nas operações de crédito -- atingiu 22 pontos porcentuais, queda de 0,2 ponto no mês e alta de 4,1 pontos em 12 meses.

No crédito livre, a taxa média de juros alcançou 44,6% ao ano em junho, queda de 0,8 ponto no mês e crescimento de 5,6 pontos em 12 meses.

Por segmento, as taxas médias de juros das operações com as empresas e com as famílias apresentaram comportamentos semelhantes, com reduções mensais de 0,7 ponto e 0,8 ponto, respectivamente, e altas de 0,5 ponto e 7,6 pontos em 12 meses, em 23,1% e 59,1% ao ano, na mesma ordem.

Em ambos os segmentos, a redução foi influenciada principalmente por efetivas reduções nas taxas praticadas (efeito taxa), observando-se menor contribuição de variações da carteira (efeito saldo), segundo nota do Banco Central.

O Indicador de Custo do Crédito (ICC), que mede o custo médio de todo o crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN), foi de 22,5% ao ano, estável no mês e elevando-se 2,1  pontos em 12 meses.

Operações de crédito

Em junho, o saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro atingiu R$ 15,2 trilhões, ou 147,6% do Produto Interno Bruto (PIB), alta de 0,8% no mês, devido principalmente à alta de 3,4% nos títulos públicos de dívida.

Na comparação interanual, o crédito ampliado aumentou 7,7%, sobressaindo as elevações na carteira de empréstimos, 9,0%, e nos títulos de dívida, 9,8%.

O crédito ampliado a empresas situou-se em R$5,2 trilhões (50,5% do PIB), com redução de 0,6% no mês, influenciada principalmente pela retração de 4,7% na dívida externa, associada à apreciação cambial de 5,4%.

Na comparação com junho de 2022, a expansão de 7,4% do crédito ampliado a empresas refletiu principalmente o aumento de 27,9% em títulos de dívida.

O crédito ampliado às famílias situou-se em R$3,5 trilhões (34,2% do PIB) em junho, com retração de 0,5% no mês e expansão de 12,2% em doze meses, refletindo o incremento nos empréstimos do SFN.

Já o volume de crédito total do SFN atingiu R$ 5,4 trilhões em junho, com elevação de 0,1% no mês. Esse desempenho foi influenciado, principalmente, pelo crescimento de 1% no crédito destinado às empresas, saldo de R$ 3,3 trilhões, enquanto o crédito às famílias diminuiu 0,4% no mês, situando-se em R$2,1 trilhões.

Ainda segundo o Banco Central, na comparação interanual, o crédito total aumentou 8,9%, evidenciando desaceleração em relação à expansão de 10,6% verificada em maio deste ano.

Por segmento, nas mesmas bases de comparação, os volumes de crédito para empresas e famílias também registraram arrefecimento, com incrementos de 3,5%, ante 4,5%, e de 12,8%, ante 14,8%, na ordem.

O volume de crédito com recursos livres para as pessoas jurídicas atingiu saldo de R$ 1,4 trilhão em junho, com incrementos de 1,4% no mês e de 1,1% em doze meses.

Destacaram-se os crescimentos mensais das carteiras de desconto de duplicatas, 9,2%, influenciada por fatores sazonais, outros créditos livres, 7,9%, e adiantamentos de contratos de câmbio, 2%.

O saldo de crédito com recursos livres às pessoas físicas totalizou R$ 1,8 trilhão em junho, com redução mensal de 1,3% e incremento de 10,6% em doze meses.

Essa redução mensal mostrou-se bastante disseminada entre as modalidades, com destaque para o crédito pessoal não consignado, -2,8%, o cartão de crédito, -1,1%, e o crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS, -1,9%.

O saldo de crédito direcionado aumentou 0,5% no mês e 13% em doze meses, alcançando R$ 2,2 trilhões em junho. Esse desempenho refletiu expansões ocorridas no segmento de pessoas jurídicas (0,1% e 8,1%) e no de pessoas físicas (0,7% e 15,7%).

As concessões nominais de crédito totalizaram R$ 515,3 bilhões em junho. Nas séries com ajuste sazonal, as concessões totais cresceram 0,8%, com alta de 3% no crédito às empresas e de 0,4% no crédito às famílias.

Nos 12 meses acumulados até junho, as concessões nominais cresceram 9%, com altas de 4,9% no crédito a pessoas jurídicas e de 12,5% no crédito a pessoas físicas. A média diária de concessões em junho aumentou 7,7%.

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