Efeito de alta de juros para a inflação começou a aparecer, diz especialista

IPCA-15 de junho sinalizou desaceleração do processo inflacionário no Brasil, mas ainda de forma lenta

Larissa Coelho, da CNN, João Pedro Malar, do CNN Brasil Business, em São Paulo
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Divulgado nesta sexta-feira (24), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de junho indicou uma desaceleração do processo inflacionário brasileiro, mas ainda de forma lenta, segundo o economista sênior da LCA Consultores Fábio Romão.

Em entrevista à CNN, ele afirmou que o processo de alta de juros realizado pelo Banco Central costuma ser um "remédio ruim" para o tipo de inflação atual no Brasil, ligada a um "choque clássico de oferta".

"Por isso que a gente está vendo essa inflação ainda alta. Apesar do IPCA-15 de junho de ter vindo levemente acima das expectativas, tivemos uma dispersão menor, abaixo de 70%, e uma média nos núcleos menor", observa.

Para Romão, o quadro inflacionário brasileiro ainda é "feio", mas a alta de juros "começa a aparentemente fazer algum efeito. Mesmo assim, a guerra na Ucrânia atrasou isso com efeitos nas cadeias produtivas, pressionando a inflação".

O economista ressalta ainda que o IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, ainda não levou em conta os efeitos do último reajuste no preço dos combustíveis devido à data final da coleta de dados. Por isso, o impacto na inflação deve ser notado apenas no índice cheio, que reflete todo o mês.

O quadro atual, afirma, ocorre porque "a pandemia promoveu um descasamento das cadeias produtivas globais em 2020, e quando as coisas pareciam que iam se rearranjar veio a guerra, então tem muita inflação importada, que ocorre no mundo todo".

"Internamente, o cenário político incerto desvaloriza o câmbio e pressiona inflação, e há uma cultura de reajuste de preços como forma de proteção dos formadores, aí retroalimentam a inflação", avalia.

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