Galípolo: Se você viu sinal sobre o que o BC pode fazer, entendeu errado
Presidente do Banco Central disse que a autarquia não deu sinalizações sobre os rumos da política monetária, após dados de inflação animarem mercado por possível corte de juros no radar
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, negou nesta quarta-feira (12) que a autoridade monetária tenha dado “qualquer sinal” sobre a próxima decisão do Copom (Comitê de Política Monetária). Na reunião da semana passada, o colegiado decidiu manter a Selic em 15% ao ano, maior patamar desde 2006.
Na terça-feira (11), a ata do Copom dividiu opiniões entre os especialistas, com alguns apostando em um tom mais leve para cortar juros em breve, especialmente após nova desaceleração da inflação, enquanto outros creditando nova postura mais restritiva.
“A gente reforça que, se por acaso, você entendeu que alguma questão da nossa comunicação foi um sinal sobre o que o Banco Central pode vir a fazer no futuro, você entendeu errado”, disse Galípolo.
A jornalistas, o presidente afirmou que o BC tem calcado a sua comunicação em ação, fatos e dependência de dados. “Toda a comunicação e toda ação do BC tem sido apoiada em questões factuais e todas as nossas reações têm sido dependentes de dados”, afirmou.
“Todo mundo pode brigar com o Banco Central. O Banco Central não pode brigar com dados. De todas as instituições que existem, o BC é o único que tem o objetivo mais claro de todos. Nós temos uma meta [de inflação]”, disse.
Selic alta
Na avaliação de Galípolo, os dados de desaceleração econômica mostram que a política monetária em um patamar mais restritivo está funcionando. Em setembro, o Ministério da Fazenda revisou a projeção de crescimento da economia de 2,5% para 2,3% em 2025. Se a previsão se confirmar, haverá uma desaceleração em relação a 2024, quando o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 3,4%.
O presidente reforçou que, ao longo dos últimos 11 meses, o Comitê de Política Monetária observou a inflação fora da meta, que é de 3% com intervalo de tolerância de até 4,5%. Nesta quarta-feira (12), Galípolo também voltou a dizer que a autoridade monetária vai continuar atuando para fazer a inflação convergir para a meta.
“Está bem claro porque a gente está com uma taxa de juros em um patamar restritivo e porque é necessário permanecer em um patamar restritivo”, declarou.


