Para setor imobiliário, juros altos seguem como principal obstáculo
Autoridades e executivos do setor se reuniram em São Paulo para o Summit Imobiliário 2024, nesta quinta-feira (28)
A taxa básica de juros em patamar elevado é um dos principais obstáculos do setor imobiliário no Brasil, afirmam empresários e autoridades do setor da construção.
O debate em torno do atual nível da política monetária aconteceu durante o Summit Imobiliário 2024 nesta quinta-feira (28), em São Paulo, para discutir os desafios do setor para 2025.
Rubens Menin, presidente do conselho de administração da MRV, do Banco Inter e sócio controlador da CNN Brasil, disse estar otimista para o próximo ano, mas afirma que o contexto atual está longe do ideal.
“O cenário perfeito seria um com juros civilizados. O setor não quer juros real de 0%, mas na casa de 2% a 3%. Se a inflação esta na casa dos 4%, o ideal no momento seria estar em 7%. Isso já faria o mercado de capitais reagir e os mecanismos de financiamento funcionarem”, afirma.
Atualmente, a Selic se mantém em dois dígitos, no patamar de 11,25%. Os juros altos encarecem os empréstimos e geram preocupação para o setor imobiliário e da construção civil.
“A maior preocupação do setor é principalmente nos imóveis voltados para média e alta renda. A habitação social, como o Minha Casa, Minha Vida, não entra neste debate uma vez que possui o juros em uma taxa fixa,” complementa Celso Petrucci, economista-chefe Secovi-SP.
Inês Magalhães, vice-presidente de habitação da Caixa Econômica Federal, afirma que fundos alternativos vêm ganhando espaço dentro do mercado imobiliário, uma vez que a poupança está cada vez menos atraente, mesmo sendo, historicamente, muito utilizada na habitação.
“Esse ano o Minha Casa, Minha Vida, está tendo um recorde histórico, passamos de R$ 100 milhões em recursos investidos. Apesar de ter um orçamento robusto, a poupança vem sendo pouco atraente para o financiamento, com menor captação, portanto procuramos fundos alternativos para compensar”, destaca.
A vice-presidente ressaltou que a diminuição na utilização da caderneta está ligada ao atual nível da taxa de juros, que torna outros investimentos no setor mais atrativos.
Sandro Gamba, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), chamou a atenção para a mudança nos “fundings” do mercado imobiliário – que são os meios para captação de recursos para financiar o setor.
“O mercado tem sido suportado pela poupança e o FGTS nos últimos anos, e essa representatividade vem diminuindo. Por outro lado, outras formas de “fundings” vem assumindo esse lugar no crescimento do setor, o que é positivo”, explica.
O presidente da Abecip pontua que essa mudança cria uma correlação maior com as variações na Selic, que irão interferir no crédito imobiliário.
Juros altos são uma das principais causas de inadimplência no Brasil