Ibovespa fecha em alta de 1,12% com Petrobras em destaque; dólar fica em R$ 5,45
Moeda norte-americana registrou variação negativa de 0,04% após ter saltado mais de 3% nas duas últimas sessões, enquanto principal índice da bolsa brasileira inverte desempenho após duas sessões em queda

O Ibovespa fechou em alta de 1,12% nesta quarta-feira (4), aos 105.334,46 pontos, em uma trégua após um começo de ano mais negativo, com Petrobras entre os principais suportes após o senador Jean Paul Prates, indicado pela União para presidir a companhia, afirmar que não irá desvincular preços de combustíveis de valores internacionais.
A alta ocorre após o Ibovespa acumular queda de 5% nos dois primeiros pregões de 2023, em meio a receios com o novo governo do país, com viés mais intervencionista e estatizante, além de dúvidas em relação à dinâmica da dívida pública nos próximos anos e temores sobre eventual revogação de leis e reformas.
O dólar fechou rondando a estabilidade, com variação negativa de 0,04%, cotado a R$ 5,451 na venda, refletindo ajustes de posições após salto recente da moeda e reações positivas de investidores a acenos do novo governo à manutenção da política de preços da Petrobras e de reformas estruturais promovidas em gestões anteriores.
Ao longo da sessão, a moeda norte-americana alternou altas e baixas frente ao real, após registrar valorização de 3,3% nos dois primeiros dias úteis da presidência de Luiz Inácio Lula da Silva.
É normal, depois de movimentos acentuados dos ativos brasileiros, haver momentos pontuais de ajuste, conforme investidores realizam lucros, dizem especialistas. No entanto, permaneciam temores no mercado sobre a agenda do novo presidente e seus ministros, que devem manter a volatilidade elevada no curto prazo.
"O noticiário político segue adicionando pressão no cenário doméstico –com dúvidas na dinâmica da dívida pública nos próximos anos e temores sobre eventual revogação de leis e reformas– agora com a possibilidade de nova reforma na Previdência", destacou a XP Investimentos em nota a clientes.
Na véspera, o novo ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, criticou em seu discurso de posse a reforma da Previdência do governo Jair Bolsonaro, chamando-a de "antirreforma" e dando sinais de que discutirá mudanças.
Por outro lado, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse nesta quarta-feira que não há nenhuma proposta sendo pensada nesse momento para revisão de reformas, incluindo a previdenciária.
Enquanto isso, a postura relativamente moderada do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não tem sido capaz de acabar com o pessimismo do mercado.
"Os discursos de Haddad mostram uma abordagem considerada 'amigável' ao mercado, abordando temas como responsabilidade fiscal e reforma tributária. No entaermaneciam temores no mercado sobre a agenda do novo presidente e seus ministros, que devem manter a volatilidade ento, a falta de sinalizações mais concretas, como, por exemplo, a nova âncora fiscal, tem frustrado os operadores", disse a Levante Investimentos em relatório.
No exterior, a sessão era de queda de preços de commodities como o minério de ferro e o petróleo, enquanto Wall Street adotava um viés positivo, em sessão marcada por expectativa para a divulgação da ata da última decisão de juros do banco central norte-americano.
A ata da reunião, divulgada nesta quarta-feira (4), mostrou os formuladores de política monetária ainda focados em controlar o ritmo dos aumentos de preços, que ameaçam ser mais fortes do que o previsto, e preocupados com qualquer “percepção errônea” nos mercados financeiros de que seu compromisso com o combate à inflação esteja, de alguma forma, enfraquecendo.
Petrobras
As ações da Petrobras, que caíam mais de 1% mais cedo, após a renúncia de Caio Paes de Andrade ao cargo de presidente da companhia, avançavam mais de 3% nesta tarde. As preferencias (PN) registraram valorização de 3,18% e as ordinárias (ON) com 1,67%.
O indicado do governo para chefiar a estatal, Jean-Paul Prates, disse nesta quarta-feira, durante cerimônia de posse de Geraldo Alckmin ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que não haveria mudança na política de preços da petroleira, assim como intervenção direta no mercado.
Com a saída antecipada de Caio Paes de Andrade, o diretor-executivo de produção João Henrique Rittershaussen foi escolhido para comandar a Petrobras interinamente até a eleição e posse do novo CEO.
Na terça-feira (3), o Ministério de Minas e Energia enviou um comunicado para o Conselho de Administração da Petrobras confirmando que o senador Jean Paul Prates será indicado para assumir o comando da empresa.