Venda de destilados na Grande SP caí 27% com crise do metanol
Cenário já negativo para setor foi agravado por episódios de intoxicação com bebidas adulteradas

As vendas de bebidas alcoólicas destiladas em canais de autosserviços e atacarejo da Grande São Paulo caíram 26,9% em valor nas duas primeiras semanas de outubro, segundo pesquisa da NielsenIQ.
Sobre a percepção dos lojistas, mais da metade dos comerciantes da região disseram notar a queda atrelada à crise do metanol.
“A crise do metanol foi um episódio triste e trágico, com prejuízos para a saúde e para a confiança da população. Esse medo e esse ‘pé atrás’ que ficou prejudica as vendas desses produtos”, explicou o líder para insights da indústria da NielsenIQ, Gabriel Fagundes.
Desde o início de outubro, o Brasil registrou uma série de casos de intoxicação com bebidas adulteradas com metanol. O epicentro da crise foi na região metropolitana de São Paulo.
Até esta quinta-feira (13), o Ministério da Saúde contabilizava 60 casos confirmados e 30 ainda em investigação. Já foram registradas 15 mortes por conta da substância, sendo 9 óbitos no estado de São Paulo.
Segundo a NielsenIQ, o cenário já era negativo, uma vez que o público vinha reduzindo o consumo em razão do aumento das despesas com alimentação e da alta de preços.
“O aumento da importância da cesta de alimentos no bolso do consumidor, os próprios preços altos das bebidas alcoólicas e a elasticidade também foram fatores que fizeram o consumo desse tipo de produto diminuir. Além disso, existe o fator geracional: a geração Z é muito mais conectada com hábitos saudáveis de consumo, sem álcool, sem açúcar, por exemplo”, destacou Fagundes.
A pesquisa mostra que a intenção de comprar menos bebidas alcoólicas chegou a 37%, enquanto os esforços para gastar mais com hortifrutis ficaram em 28%.
Por outro lado, cerveja e vinho ganharam importância na cesta de bebidas nas duas primeiras semanas do mesmo mês.


