Nobel de Literatura: confira os vencedores dos últimos 10 anos
O prêmio de 2025 foi concedido ao escritor húngaro László Krasznahorkai nesta quinta-feira (9)
O Prêmio Nobel de Literatura de 2025 foi concedido ao escritor húngaro László Krasznahorkai, anunciado nesta quinta-feira (9) pela Academia Sueca. Ele foi reconhecido “por sua obra convincente e visionária que, em meio ao terror apocalíptico, reafirma o poder da arte”.
Nascido em Gyula, Hungria, em 1954, Krasznahorkai cresceu durante o regime comunista que reprimiu brutalmente a Revolução Húngara de 1956. A atmosfera política e social opressiva marcou profundamente a visão de mundo e literatura dele.
O autor já declarou ter vivido em um ambiente onde “uma pessoa com sensibilidade estética e moral aguçada simplesmente não consegue sobreviver”.
Apelidado pela crítica americana Susan Sontag de "mestre do apocalipse", Krasznahorkai se tornou conhecido por obras densas, longas e hipnóticas, que exploram o absurdo, o desespero existencial e o colapso moral em cenários pós-totalitários da Europa Central.
As narrativas dele costumam retratar personagens em busca de sentido em um mundo caótico e espiritualizado por símbolos decadentes.
O romance de estreia do escritor, "Sátántangó" (1985), é a única obra publicada no Brasil até agora. Lançado no país em 2022, o livro apresenta uma comunidade rural desolada diante da aparição de dois misteriosos forasteiros, e foi adaptado para o cinema pelo diretor Béla Tarr em um filme de sete horas de duração.
Entre outras obras importantes estão "The Melancholy of Resistance" (1989), "War and War" (1999), "Destruction and Sorrow beneath the Heavens" (2004) e "Baron Wenckheim’s Homecoming" (2016), nenhuma delas ainda lançada em português. Krasznahorkai também já foi laureado com o International Man Booker Prize, consolidando sua reputação como um dos grandes nomes da literatura europeia contemporânea.
Veja lista dos vencedores do Nobel de Literatura dos últimos 10 anos
2024 – Han Kang (Coreia do Sul)
A autora sul-coreana foi premiada pela prosa poética e sensível, que expõe traumas históricos e a delicadeza da experiência humana. A obra mais conhecida dela, "A Vegetariana", aborda alienação e resistência em meio à violência cotidiana.
2023 – Jon Fosse (Noruega)
O dramaturgo e escritor norueguês foi agraciado pela escrita minimalista e profunda, capaz de expressar o indizível. A obra mistura lirismo e silêncios para explorar a existência humana e suas contradições.
2022 – Annie Ernaux (França)
Reconhecida pela escrita autobiográfica, Ernaux constrói, em quase 20 livros, um retrato das mudanças sociais na França do pós-guerra, refletindo sobre classe, amor e identidade.
2021 – Abdulrazak Gurnah (Tanzânia)
O romancista tanzaniano recebeu o Nobel por tratar das consequências do colonialismo e da condição de refugiado, em narrativas que cruzam culturas e continentes.
2020 – Louise Glück (Estados Unidos)
A poeta americana foi reconhecida pela obra intimista e precisa, que mergulha em temas como solidão, perdas e vínculos familiares. É considerada uma das vozes mais relevantes da poesia contemporânea nos EUA.
2019 – Peter Handke (Áustria)
Premiado pelo estilo linguístico singular e explorador das margens da experiência humana, Handke também gerou controvérsias devido a posicionamentos políticos e à presença em funerais polêmicos.
2018 – Olga Tokarczuk (Polônia)
A escritora polonesa foi homenageada por narrativas imaginativas e engajadas que exploram fronteiras culturais e filosóficas. O romance "Sobre os ossos dos mortos" é um dos que chegaram ao público brasileiro.
2017 – Kazuo Ishiguro (Reino Unido)
Autor de obras marcadas pela memória, nostalgia e identidade, Ishiguro ganhou o Nobel por romances como "Os vestígios do dia" e "Não me abandone jamais", que transitam entre o realismo e a ficção especulativa.
2016 – Bob Dylan (Estados Unidos)
O cantor e compositor americano recebeu o Nobel pela contribuição poética à tradição musical, com letras que marcaram gerações.
2015 – Svetlana Alexiévitch (Belarus)
Jornalista e autora de não ficção, Alexiévitch foi premiada pelo trabalho documental sobre o sofrimento humano no contexto soviético e pós-soviético.
