Médicos do principal hospital infantil da Argentina protestam por salários

Funcionários do hospital público realizam greve de 24 horas e participaram de marcha contra corte de recursos pelo governo de Javier Milei

Luciana Taddeo, da CNN, Buenos Aires
Protesto Buenos Aires, Argentina
Milhares de profissionais de saúde argentinos protestam contra congelamento orçamentário de Milei  • Reprodução CNN Brasil
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Milhares de médicos, enfermeiros, trabalhadores de saúde e sindicalistas saíram às ruas de Buenos Aires nesta quinta-feira (17), reivindicando melhores salários e recursos para o Hospital Garrahan, instituição pública de saúde pediátrica de alta complexidade que é referência no país.

Em uma marcha que partiu do Congresso argentino rumo à Praça de Maio, diante da Casa Rosada, o palácio presidencial argentino, os trabalhadores protestaram contra o que chamam de “ataque” e “esvaziamento” do hospital, pelo corte de residências, bolsas e vagas, e falta de atualização de salários dos profissionais de saúde.

O protesto ocorre em meio a uma greve de 24 horas realizada por funcionários do hospital por melhores condições de trabalho e contra a deterioração da instituição. Médicos afirmam que tentam, há meses, negociar com o governo, mas que não houve avanços concretos no diálogo.

 

Os manifestantes afirmam que parte dos salários, principalmente das áreas técnicas e administrativas, estão abaixo da linha de pobreza e que cerca de 200 trabalhadores decidiram deixar seus postos.

“Mediante a intervenção institucional e o estrangulamento financeiro disfarçado de austeridade, o governo ataca o hospital, esvaziando seu recurso humano, abandonando sua infraestrutura e gerando condições insustentáveis para os seus trabalhadores”, leram os profissionais do hospital em um manifesto na Praça de Maio.

Entre os participantes da marcha havia, inclusive, jovens que foram pacientes do hospital e seus familiares, expressando agradecimento aos profissionais.

Após o protesto, o ministro da Saúde de Javier Milei, Mario Lugones, afirmou na rede social X que houve um reordenamento do Garrahan para acabar com “a má administração” e que o problema do hospital nunca foi só de recursos, mas “de gestão e eficiência”.

“Aumentamos o orçamento, eliminamos privilégios e corrigimos desvios”, escreveu. Segundo ele, desde o início da atual administração, houve um aumento de 274% no orçamento do hospital.

A Fundação Soberania Sanitária, no entanto, afirma haver uma "maquiagem" dos números por parte do governo.

“A última atualização orçamentária reflete um aumento de apenas 9,8%. (...) Isso significa que, em termos reais, e considerando a inflação acumulada de 117% em 2024, a perda orçamentária do hospital é de 49,59%”, garantem.

De acordo com a fundação, o hospital começou 2024 com um orçamento de 49 bilhões de pesos, e essa cifra foi corrigida durante o ano até chegar a 169 bilhões.

“Comparar o orçamento de 2024 com a atualização de 2025, dá como resultado esse suposto ‘aumento’ de 240%. Mas isso não reflete nenhum aumento real, e sim uma correção técnica de um orçamento subestimado desde o começo”, conclui.