Brics: vídeo postado pelo GovBr "anexa" parte da Ucrânia a território russo
Desde a invasão do território ucraniano em 2022, Rússia nunca conseguiu tomar Kharkiv, a segunda maior da Ucrânia; soldados russos tentam avançar pelo norte e nordeste da região de Kharkiv
Um vídeo postado pelo governo Lula no perfil @GovBr nas redes sociais para promover a liderança do país na Cúpula do Brics apresenta regiões do leste e do sul da Ucrânia, em disputa com a Rússia, com as cores da bandeira do país de Vladimir Putin.
O vídeo mostra os países-membro do Brics discutindo o financiamento para transição energética.
No momento em que a Rússia aparece na tela, uma faixa do território ucraniano, da região do Donbass até as redondezas da cidade de Kharkiv, foram desenhadas com listras azuis, vermelhas e brancas, cores da bandeira russa, como já estivessem dominadas por eles.

Após a repercussão do caso, a Secom (Secretaria de Comunicação Social) disse ter removido o vídeo das páginas GovBr e Brics.
Em nota, o governo reforça condenar a invasão russa e afirma que tem se expressado em favor do cessar-fogo e de uma solução política que leve em consideração as legítimas preocupações de segurança de todos os lados.
"Em 12 de outubro de 2022, em sessão de emergência da Assembleia Geral das Nações Unidas, o Brasil votou a favor de resolução que declarou ilegais os referendos organizados, em setembro de 2022, nos estados ucranianos de Donetsk, Kherson, Luhansk e Zaporizhzhia", informou a Secom em nota à CNN.
"O vídeo em questão, realizado por um influenciador contratado por uma das agências de publicidade licitadas para produzir conteúdos de divulgação para o Governo Federal, já foi retirado dos canais Govbr e Brics."
A região e a cidade de Kharkiv são bombardeadas desde o primeiro dia da ofensiva russa, em fevereiro de 2022. A Rússia nunca conseguiu tomar a cidade — a segunda maior da Ucrânia. Os soldados russos tentam avançar pelo norte e nordeste da região de Kharkiv.
Desde a invasão da Ucrânia, Moscou disputa as regiões de Donetsk e Luhansk, ao leste do país, onde estão estacionados grupos separatistas pró-Rússia.
Nas negociações pelo fim do conflito, o Kremlin tem busca de garantir a conquista dos territórios e sua anexação ao território russo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem buscado se colocar como um potencial mediador das negociações de paz pelo fim do conflito.
Durante a cúpula de líderes do Brics, o petista pediu pela pacificação. Mais cedo neste ano, em junho, durante visita a Paris, Lula ponderou que “na guerra, nem sempre acontece o que a gente quer”, em referência às demandas russas.
Lula não teve uma boa aproximação com o líder da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Os dois estão afastados desde um contato inicial em 2023, logo no começo do terceiro mandato do petista, quando as divergências entre ambos vieram à tona após a conversa.
O presidente brasileiro tem uma postura mais crítica à figura de Zelensky do que os estadistas ocidentais, o que desagrada o ucraniano por não contar com o apoio integral do brasileiro, que é acusado de ter uma postura pró-Rússia no conflito.


