Governo de SP orienta municípios a suspender férias de agentes de saúde para atuar no combate à dengue

Decreto publicado nesta quarta-feira (6) no Diário Oficial também libera a contratação de serviços sem licitação mitigar os efeitos da doença

Fábio Munhoz, da CNN, Em São Paulo
Agente de saúde atua no combate ao mosquito Aedes aegypti em Osasco, na Grande São Paulo
Agente de saúde atua no combate ao mosquito Aedes aegypti em Osasco, na Grande São Paulo  • Vinicius Nunes/Agência F8/Estadão Conteúdo - 21.fev.2024
Compartilhar matéria

Publicado na edição desta quarta-feira (6) do Diário Oficial, o decreto que reconhece situação de emergência em saúde pública no estado de São Paulo por causa da dengue recomenda aos municípios paulistas que suspendam as folgas e férias dos agentes de saúde para que ajudem no combate à doença.

O texto recomenda a "suspensão de férias e folgas dos agentes de combate a endemias e agentes comunitários de saúde, vigilância ambiental e unidades de saúde do município" e a "atuação conjunta dos agentes comunitários de saúde e agentes de combate a endemias com a execução de atividades de visitação domiciliar e demais ações de campo para o combate ao mosquito Aedes aegypti".

O decreto, que entrou em vigor hoje, também abrange outras doenças transmitidas pelo mosquito, como a chikungunya e a zika.

Assinado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o decreto autoriza o estado a adotar medidas administrativas emergenciais para combater a doença. São elas:

  • A aquisição de insumos e materiais, a doação e a cessão de equipamentos e bens
  • A contratação de serviços estritamente necessários ao atendimento da situação emergencial
  • A prorrogação, na forma da lei, de contratos e convênios administrativos que favoreçam o combate ao mosquito transmissor dos vírus da Dengue e de outras arboviroses, a assistência à saúde dos pacientes acometidos por essas enfermidades e as ações de vigilância epidemiológica, de acordo com a necessidade apurada pelas áreas técnicas da Secretaria da Saúde

Por conta do reconhecimento da situação de emergência, as licitações ficam dispensadas para contratações com essa finalidade enquanto o decreto estiver vigente. "Para o enfrentamento da situação de emergência de que trata este decreto, caberá, também, a contratação de servidores, por tempo determinado, para atender a necessidade
temporária de excepcional interesse público", acrescenta o texto.

Epidemia no estado

O anúncio de que o estado iria declarar situação de emergência por causa da dengue foi feito na última terça-feira (5) durante uma entrevista coletiva.

A decisão foi tomada depois que o estado ultrapassou os 300 casos da doença por 100 mil habitantes. Quando esse índice é ultrapassado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que já há um quadro de epidemia.

De acordo com o Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde, o estado de São Paulo tem 506,5 casos prováveis da doença por 100 mil habitantes. Em números absolutos, são 225 mil registros prováveis de dengue em território paulista.

Vacinação

Em entrevista à CNN na última terça-feira, o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, afirmou que o estado recebeu do Ministério da Saúde cerca de 70 mil doses da vacina Qdenga para imunizar a população paulista.

O número, segundo ele, é insuficiente para atender à demanda no estado.

“O Ministério da Saúde tem uma política de distribuição baseada em número de casos O número de doses anunciado pelo ministério é relativamente pequeno diante da necessidade do país e, portanto, por exemplo, o estado de São Paulo só vai receber, na última notícia que a gente teve, 70 mil doses nessa primeira leva que está chegando e, portanto, a gente não imagina que ela vai ter um impacto no número de casos”, afirmou.

A CNN procurou o Ministério da Saúde para obter um posicionamento sobre a declaração de Kallás, mas não teve retorno.