Justiça mantém Cristian Cravinhos em liberdade após negar recurso do MP

Cravinhos foi o último dos três condenados pela morte do casal Richthofen a obter autorização para cumprir a pena em liberdade

Rafael Villarroel, especial para a CNN Brasil, em São Paulo
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A Justiça de São Paulo negou um recurso do Ministério Público e manteve Cristian Cravinhos, condenado pela morte do casal Manfred e Marísia Von Richthofen, ocorrida em 2002, em regime aberto, podendo continuar cumprindo a pena em liberdade. Ele foi solto em março deste ano.

Ele é o último dos três condenados pelo crime a ter sido beneficiado para cumprir a pena em liberdade. Daniel Cravinhos está em regime aberto desde 2018, enquanto Suzane Von Richthofen também cumpre o restante da pena em liberdade e está solta desde janeiro de 2023.

Cristian Cravinhos postou foto ao lado do irmão Daniel em setembro de 2024 • Reprodução/redes sociais
Cristian Cravinhos postou foto ao lado do irmão Daniel em setembro de 2024 • Reprodução/redes sociais

Em 2017, Cristian chegou a ir para o regime aberto, mas perdeu o benefício após ser detido suspeito de agredir uma mulher, além de tentar subornar policiais em Sorocaba, interior de SP, e estar fora da comarca declarada à Justiça.

Na ocasião, ele teria oferecido R$ 1 mil para não ser preso e disse que o irmão, Daniel, chegaria com mais R$ 2 mil para os policiais. Com ele, os agentes encontraram dinheiro e uma munição 9 mm, que tem uso restrito.

Meses depois, ele foi absolvido da acusação de porte ilegal de munição, mas não escapou do crime de tentativa de suborno, sendo sentenciado a mais quatro anos e oito meses de prisão por corrupção ativa.

No despacho, o desembargador Damião Cogan afirmou que Cristian "vem demonstrando autodisciplina e senso de responsabilidade esperados para o cumprimento de pena no regime aberto", além disso, destacou que ele já trabalhou durante saídas temporárias, indo e voltando da penitenciária, sem intercorrências.

Ainda no documento, ao qual a CNN teve acesso, o órgão cita que o condenado ainda tem 16 anos de pena a cumprir, terminando, de fato, em 2041.

À época em que foi para o regime aberto, a juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani destacou o bom comportamento do detento na cadeia e o parecer favorável de profissionais que fizeram uma avaliação psicológica de Cravinhos.

Em agosto do ano passado, após solicitar a Justiça para progredir novamente de regime, ele passou por um exame criminológico, conhecido como "Teste de Rorschach", que apontou aspectos favoráveis para a concessão do benefício.

Relembre o caso

Em 31 de outubro de 2002, Daniel e Cristian Cravinhos mataram a pauladas o engenheiro Manfred e a psiquiatra Marísia Von Richthofen, pais de Suzane Von Richthofen, na mansão do casal, no bairro Campo Belo, zona sul de São Paulo.

À época, a jovem de 18 anos e mentora do crime, disse às autoridades que os pais não aprovavam seu namoro com Daniel.

Suzane von Richthofen deixando a penitenciária feminina de Tremembé, no interior de São Paulo, para uma saída temporária • Marcelo Goncalves/SIGMAPRESS/AE
Suzane von Richthofen deixando a penitenciária feminina de Tremembé, no interior de São Paulo, para uma saída temporária • Marcelo Goncalves/SIGMAPRESS/AE

No julgamento, em 2006, Suzane e Daniel foram condenados a 39 anos e seis meses de prisão. Por sua vez, Cristian foi condenado a 38 anos e seis meses.