Bancada da educação sofre baque em eleições e busca salvar pautas até janeiro
Ao menos onze integrantes do grupo não se elegeram e ficarão fora do Congresso a partir de 2023
A bancada da educação sofreu um forte baque nas eleições deste ano e vai ver ao menos 11 dos 20 membros da coordenação fora do Congresso Nacional a partir de fevereiro de 2023. Agora, a intenção é salvar o que for possível de pautas consideradas importantes no Parlamento nesta reta final. A missão, porém, não deve ser tão simples, avaliam integrantes ouvidos pela CNN.
Ao todo, nove integrantes da coordenação da Frente Parlamentar Mista da Educação não conseguiram se eleger e outros dois optaram por concorrer a cargos fora do Congresso – Paula Belmonte (Cidadania-DF) e Pedro Cunha Lima (PSDB-PB). Dois senadores, Alessandro Vieira (PSDB-SE) e Izalci Lucas (PSDB-DF), foram derrotados nas disputas aos respectivos governos estaduais, mas ainda têm mais quatro anos de mandato pela frente.
A derrota eleitoral de grande parte dos parlamentares à frente da bancada foi recebida com certa surpresa. Para o presidente do grupo, deputado federal Israel Batista (PSB-DF) – um dos que não conseguiram se reeleger –, as perdas podem, inclusive, dificultar a atuação em prol da educação.
Ele credita as derrotas ao fato de as campanhas terem sido muito polarizadas em torno de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – concorrentes à Presidência da República – e à falta de espaço para a educação como prioridade entre candidatos e até mesmo eleitores.
“Uma característica da bancada é de articular, chegar a um consenso. Acaba que é mais técnica, ligada a relatórios, não entra num debate como o eleitor esperava nessa eleição. O problema é mais de forma do que de conteúdo”, disse, ao ressaltar que as pautas tratadas não costumam gerar impacto nas redes sociais.
“Educação não é foco também da maioria das campanhas. Não há espaço para falar de crise de aprendizagem, evasão escolar, formação do docente. Muitos ainda não compreenderam a importância da escola como agente de transformação social, não conseguiram associar uma coisa à outra. A escola às vezes é tida como algo supérfluo, infelizmente”, acrescentou.
O deputado federal Felipe Rigoni (União Brasil-ES), responsável pela comissão de educação especial, indígena e de comunidades tradicionais dentro da frente parlamentar e outro que não conseguiu se reeleger, também acredita que a educação não conseguiu se posicionar como pauta eleitoral importante.
Ele avalia que a bancada terá “perdas gigantescas” ano que vem e que será preciso fazer um mapeamento de nomes que podem assumir os trabalhos a partir da próxima legislatura. “Temos que fazer um mapa dos nomes de quem pode suceder. A frente merece uma boa transição.”
A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), responsável pela comissão de ensino médio e ensino técnico e profissional, além da comissão especial relacionada à covid-19, dentro da bancada, por sua vez, foi reeleita com mais de 337 mil votos.
Tabata avalia que os grandes vencedores da eleição deste ano foram o centrão, que “se vestiu de direita, de conservadorismo, porque está do lado do Bolsonaro”, e os extremos. “Educação não é um tema polarizante, de interesse de quem está atrás de cargos, de enriquecimento próprio. Propostas tiveram pouco espaço. O que teve foi lacração, ódio, fake news”, lamentou.
Pautas prioritárias
Israel Batista considera que, até janeiro, “só passa o que for inadiável”, como o adiamento da revisão da política de cotas em universidades e institutos federais públicos.
A avaliação da Lei de Cotas era para ter acontecido até agosto deste ano. No entanto, a própria bancada da educação e a oposição preferiram segurar a pauta temendo enfrentar uma batalha eleitoral com deputados a favor de mudanças ou do fim da reserva de vagas.
A ideia agora é votar projeto sobre o tema após o segundo turno eleitoral, no final de outubro. Alguns integrantes da bancada avaliam ser melhor tentar aprovar o adiamento com o atual Congresso do que com a nova composição de 2023, por temerem parlamentares mais resistentes ainda ao sistema de cotas. Também há certo receio de insegurança jurídica e eventual suspensão das cotas pelo país.
Outras pautas prioritárias são a política nacional de educação digital e a política nacional de educação profissionalizante e tecnológica, à espera de andarem no Senado.
Um tema muito importante é a instituição do Sistema Nacional de Educação (SNE), que precisa da aprovação da Câmara, mas nem todos da bancada estão confiantes de que será tratado até o início do ano que vem.
Rigoni ainda citou os projetos do estatuto do Jovem Aprendiz e da Poupança Ensino Médio como suas missões. Este último também foi citado como uma das prioridades por Tabata Amaral.
A ideia de uma poupança pelo governo que só possa ser movimentada pelo estudante após a conclusão do Ensino Médio, para minimizar a evasão escolar, foi abraçada pela senadora Simone Tebet (MDB-MS), quando candidata à Presidência da República nestas eleições, e foi citada por ela ao apoiar Lula no segundo turno. O petista disse que as propostas colocadas são “completamente plausíveis”. A cúpula da educação no Congresso considera, portanto, que o tema pode andar se Lula for eleito presidente.
Ainda assim, essas últimas pautas devem ter mais dificuldades de serem tocadas nos próximos meses, seja por divergências, geração de despesas ou até mesmo falta de tempo para discussões aprofundadas.
O presidente da bancada da educação, Israel Batista, enxerga que, caso Bolsonaro ganhe a disputa ao Planalto, as pautas dificilmente vão avançar até janeiro. Se Lula ganhar, haverá “estresses” na transição e também haverá dificuldades, avalia.
“A pauta vai ser a prioritária do Lira [presidente da Câmara] e Pacheco [presidente do Senado] nessa reta final”, considera, com possível foco em apressar reformas, como a administrativa.
Felipe Rigoni e Tabata Amaral concordam que tudo depende do governo a ser eleito e de como fica a Câmara a partir do novo mandatário no Planalto. Tabata avalia que a bancada da educação deve enfrentar “mais quatro anos de fiscalização e lutas contra cortes”, se Bolsonaro for eleito. Quanto à eventual eleição de Lula, defende que a “única certeza é de que pelo menos vai haver diálogo”.
Rigoni se mostra mais pessimista em qualquer cenário. “O que vai mudar em cada um dos governos é o viés e a prioridade em relação às pautas. Mas, sinceramente, nenhum dos dois [Bolsonaro e Lula] demonstrou ter a educação como prioridade.”
Não estarão mais no Congresso:
- Professor Israel Batista (PSB-DF);
- Raul Henry (MDB-PE);
- Danilo Cabral (PSB-PE);
- Paula Belmonte (Cidadania-DF) – será deputada distrital;
- Pedro Cunha Lima (PSDB-PB) – disputa o segundo turno ao governo da Paraíba;
- Luizão Goulart (Solidariedade-PR);
- Tiago Mitraud (Novo-MG);
- Joenia Wapichana (Rede-RR);
- Felipe Rigoni (União Brasil-ES);
- Bira do Pindaré (PSB-MA);
- Vivi Reis (PSOL-PA).
Não eleitos, mas que continuam com mandato de senador:
- Alessandro Vieira (PSDB-SE);
- Izalci Lucas (PSDB-DF).
Eleitos novamente para o Congresso Nacional:
- Professora Dorinha (União Brasil-TO) – era deputada federal e será senadora;
- Luísa Canziani (PSD-PR) – reeleita como deputada federal;
- Eduardo Bismark (PDT-CE) – reeleito como deputado federal;
- Adriana Ventura (Novo-SP) – reeleita como deputada federal;
- Tabata Amaral (PSB-SP) – reeleita como deputada federal;
- Paulo Teixeira* (PT-SP) – reeleito como deputado federal;
- Idilvan Alencar (PDT-CE) – reeleito como deputado federal.
* Em retotalização dos votos divulgada pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo nesta sexta-feira (14), o parlamentar apareceu na condição de primeiro suplente, e não mais como eleito.
Debate
A CNN transmitirá o primeiro debate presidencial do segundo turno de 2022. O confronto entre os candidatos será realizado ao vivo em 16 de outubro, pela TV e por nossas plataformas digitais. O debate será promovido pelo pool que inclui também o Grupo Bandeirantes, UOL, Folha e TV Cultura.
Fotos — Os 27 senadores e senadoras eleitos em 2022
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O jornalista e administrador de empresas Alan Rick Miranda (União) foi eleito senador pelo Acre. Com 100% do total apurado, ele teve 154.312 votos (37,46% dos votos válidos). • Gustavo Monteiro/Assessoria
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O senador Omar Aziz (PSD) foi reeleito para seu segundo mandato representando o Amazonas, com 766.006 votos, o correspondente a 40,99% (com 98,82% das urnas apuradas). Senador desde 2015, Aziz celebrizou-se durante o atual mandato pelas presidências da CPI da Pandemia (em 2021) e da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE — em 2019 e 2020). • Omar Aziz Oficial
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A população do Amapá deu mais um voto de confiança a Davi Alcolumbre (União) e o reelegeu senador. Com 100% das urnas apuradas, ele alcançou 196.087 votos (47,88% do total). • Davi Alcolumbre Oficial
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O deputado federal Beto Faro (PT) foi eleito senador pelo Pará, após obter 1.736.150 votos da população do estado, o que corresponde a 42,2% dos votos válidos (com 98,4% das urnas apuradas). • Câmara dos Deputados
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O empresário Jaime Bagatoli (PL-RO) foi eleito senador por Rondônia. Às 20h52, com 98,74% das urnas apuradas, ele tinha 289.553 votos (35,87% do total). • Jaime Bagattoli Oficial
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O deputado federal Hiran Gonçalves (PP-RR) foi eleito neste senador pelo estado de Roraima. Com 100% das urnas apuradas, ele teve 118.760 votos (46,43% do total). • Dr. Hiran Gonçalves Oficial
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A deputada federal Professora Dorinha (União) foi eleita senadora pelo Tocantins. Ela obteve 395.408 votos, o correspondente a 50,42% dos votos válidos. • Professora Dorinha Oficial
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Com 845.988 votos (56,92% dos votos válidos), os alagoanos elegeram Renan Filho (MDB) senador. • Reprodução/Instagram @renanfilho15
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O senador Otto Alencar (PSD) ganhou mais um voto de confiança da população da Bahia e foi reeleito senador. Com 85,72% dos votos apurados, ele recebeu 3.580.212 votos e ficou em primeiro lugar na disputa eleitoral, com 57,52% dos votos válidos. • Otto Alencar Oficial
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Os eleitores do Ceará elegeram Camilo Santana (PT) senador pelo estado. Com 84,16% das urnas apuradas, o resultado foi matematicamente definido. Ele teve 2.831.810 votos, o que representa 68,68% dos votos válidos. • Camilo Santana Oficial
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O estado do Maranhão elegeu o ex-governador Flávio Dino (PSB) para o Senado Federal. Com 99,06% das urnas totalizadas, ele já tinha alcançado 2.100.390 votos (62,31% dos votos válidos). O mandato começa em fevereiro de 2023 e vai até fevereiro de 2031. • Divulgação
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Efraim Filho (União) foi o escolhido pelos paraibanos para ocupar a vaga no Senado de 2023 até 2031. Ele obteve 617.477 votos, o que equivale a 30,82% dos votos válidos. • Reprodução/Redes Sociais
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Os pernambucanos elegeram Teresa Leitão (PT) para representá-los no Senado nos próximos oito anos. Com 94,96% das urnas apuradas, ela obteve 1.964.170 votos (46,30% dos votos válidos) e ficou em primeiro lugar na disputa eleitoral. • Teresa Leitão Oficial
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O ex-governador do Piauí, Wellington Dias (PT) foi eleito senador pelo Piauí com 941.444 votos (51,29% dos votos válidos), retornando ao Senado após nove anos. Com 98,11% das urnas apuradas o candidato teve sua eleição confirmada. • Reprodução/Redes Sociais
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Rogério Marinho (PL) será o novo senador pelo estado do Rio Grande do Norte. Ele foi eleito com 41,85% dos votos válidos (708.094 de votos) de 99,96% das urnas apuradas. Marinho fez carreira nos legislativos municipal e federal, foi presidente da Câmara de Vereadores de Natal e, até março, era ministro do Desenvolvimento Regional. • Adalberto Marques/MDR
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Filiado ao PP, o empresário Laércio José de Oliveira foi eleito por Sergipe, com 310.300 votos, o correspondente a 28,57% dos votos válidos, para o Senado na eleição. • Laércio Oliveira Oficial
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Damares Alves (Republicanos) foi eleita senadora pelo Distrito Federal. Ela teve 714.562 votos (44,98% dos votos válidos). Esse é o seu primeiro mandato eletivo. • Reprodução/Redes Sociais
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Wilder Morais (PL), que foi senador entre julho de 2012 e janeiro de 2019, retornará ao Senado em 2023. Ele foi eleito com 799.022 votos (25,25 % dos votos válidos). • Wilder Morais Oficial
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A deputada federal e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP) foi eleita senadora por Mato Grosso do Sul. Ela obteve 829.149 votos (60,85 % dos votos válidos). • Reprodução/Redes Sociais
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Os eleitores de Mato Grosso escolheram Wellington Fagundes (PL) para representá-los em mais um mandato no Senado. Ele teve 825.229 votos ( 63,54 % dos votos válidos). • Reprodução/Redes Sociais
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Os eleitores do Espírito Santo decidiram eleger o ex-senador Magno Malta para um novo mandato no Senado, a partir de 2023. Com 98,74% dos votos apurados, ele tinha 41,86% dos votos, equivalente a 887.882 votos. Magno Malta pertence ao PL, mesmo partido de Jair Bolsonaro, do qual foi um dos coordenadores da campanha de 2018. • Reprodução/Redes sociais
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Minas Gerais elegeu Cleitinho (PSC) como senador. Com 93,35% dos votos apurados, ele tinha 41,98% dos votos válidos, o que equivale a 4.026.409 votos. Apoiador de Jair Bolsonaro, Cleitinho venceu outros oito candidatos ao Senado no estado de Minas. • Cleitinho Azevedo Oficial
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O senador Romário (PL) foi reeleito neste domingo (2). Com 94,82% das urnas apuradas, ele tinha 29,05% dos votos, o que equivale a 2.240.045 votos. Romário conquistou a vaga mais disputada ao Senado entre todas as unidades da Federação. Enquanto a média nacional era de 8,9 candidatos por cadeira, o Rio de Janeiro tinha 13 postulantes. • Bruna Basilio
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O Astronauta Marcos Pontes (PL) foi eleito senador pelo estado de São Paulo. Com 91,07% dos votos apurados, ele tinha 49,91% dos votos, equivalente a 9.901.895 votos. Pontes é o atual suplente do senador Giordano (MDB-SP) e, até março, era ministro da Ciência e Tecnologia de Jair Bolsonaro. • Marcos Pontes Oficial
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O ex-juiz Sergio Moro (União) foi eleito senador pelo Paraná nas eleições. Ele obteve 1.953.159 votos (33,5% dos votos válidos). • Sergio Moro Oficial
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Os catarinenses elegeram Jorge Seif (PL) ao Senado Federal. Ele obteve 1.484.110 votos (39,79% dos votos válidos). • Agência Senado
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O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos), elegeu-se senador pelo Rio Grande do Sul neste. Ele obteve 2.593.229 votos dos eleitores gaúchos (44,11% dos votos válidos). • Hamilton Mourão Oficial
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