Governo poderá utilizar a CPI do 8 de janeiro para consolidar apoio da base no Congresso

À CNN Rádio, Eduardo Grin ponderou, também, que o governo terá dificuldade para manejar CPIs simultâneas, diz cientista político

Amanda Garcia, da CNN
Presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, fez a leitura do requerimento que pede a instalação da CPI mista para investigar as invasões ocorridas em 8 de janeiro  • Lula Marques/Agência Brasil
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O governo federal “terá dificuldade de gerenciar quatro CPIs ao mesmo tempo”, na avaliação do cientista político Eduardo Grin, à CNN Rádio.

A CPMI dos atos de 8 de janeiro foi aprovada simultaneamente a outras três: da manipulação de resultados esportivos, do MST e da Americanas.

De acordo com o professor da FGV-SP, “o desgaste maior será na do MST, mas vai precisar de capacidade política para arrancar nesta dos atos criminosos, para a qual deve ter a maioria de votos.”

Para Grin, no caso da CPMI da invasão aos Três Poderes, “há enorme chance de ela se mostrar um tiro no pé para a oposição.”

Isso porque “a narrativa de que o governo foi leniente ou mesmo que teria planejado atos para vitimizar o presidente Lula não para em pé, há fartas evidências e provas factuais do que houve.”

“O governo pode acabar fazendo dessa CPMI frente capaz de ampliar o isolamento do bolsonarismo no Congresso e consolidar algo que não possui: que é base de apoio com estabilidade e garantia no Congresso”, explicou.

No entanto, ele pondera que isso “não será fácil.”

O cientista político acredita que a CPMI “se impôs politicamente”, embora talvez “não fosse necessária”, já que a investigação está avançada no Supremo Tribunal Federal e no Ministério Público Federal.

Segundo o especialista, a Comissão pode exercer, ao menos, um “papel complementar com a Justiça e aprofundar temas que a sociedade aguarda, como identificar os financiadores dos atos”.

*Com produção de Isabel Campos