Procurador pede suspensão de benefícios para juízes ao TCU

Documento ressalta que qualquer aumento de remuneração deve ter participação do legislativo

Gabriel Garcia, da CNN, Brasília
Lucas Rocha Furtado
Furtado pediu a abertura de investigação e proibição de concessão de benefícios a juízes  • 30/05/2007 - J.Freitas/Agência Senado
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O subprocurador-geral do Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), Lucas Rocha Furtado, pediu a abertura de investigação e a proibição da concessão de benefícios a juízes.

Em outubro, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma resolução que equipara os “direitos e deveres” de juízes e de integrantes do Ministério Público (MP). A norma abriu margem para a concessão de benefícios assegurados ao MP que não eram válidos para magistrados.

Após a norma ser aprovada no CNJ, o CJF (Conselho da Justiça Federal) e o CSJT (Conselho Superior da Justiça do Trabalho) aprovaram a resolução autorizando o pagamento de gratificação a juízes por "acumulação de funções administrativas, juízo e processuais extraordinárias", como no Ministério Público.

“Em primeira vista, esse ato normativo pode vir a ser tido como certamente válido, considerando uma tentativa de equiparação de carreiras igualmente relevantes ao ordenamento jurídico do país. Todavia, o que se visualizou após a edição dessa resolução foram efeitos potencialmente nocivos ao erário e ao interesse público”, concluiu o procurador.

Na representação, o procurador entende essa concessão como “ilegal”. “Saliento que é clara a ilegalidade dessa concessão de vantagem a tais carreiras por via administrativa. A Constituição Federal de 1988 estabelece, em seu art. 37, inciso X, que a remuneração dos servidores públicos e o subsídio dos membros de Poder somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica".

O documento ressalta que, qualquer aumento de remuneração, deve ter participação do legislativo.

“Não é competência do CJF ou do CSJT estabelecer, através de resolução própria, o aumento de vantagens a serem percebidas pelos juízes. É claro o descumprimento da própria Constituição Federal quando se concede aumento de remuneração sem que haja qualquer participação do Poder Legislativo, a quem compete aprovar a lei específica que deve tratar de tal aumento.”

Com estes argumentos, o procurador enviou o requerimento ao TCU pedindo adoção de duas medidas: a apuração da ilegalidade das medidas aprovadas pelo CJF e pelo CSJT, além da proibição de quaisquer pagamentos relacionados a essas medidas a juízes.