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    Dumbphones: conheça telefones úteis para quem quer se desconectar

    Na contramão do crescente aumento de recursos de IA nos smartphones, um grupo de consumidores busca modelos para se afastar das redes sociais

    Jorge Marincolaboração para a CNN

    Justamente quando as principais marcas de smartphones do mundo tentam tornar seus aparelhos mais “espertos”, adicionando recursos de inteligência artificial (IA) aos modelos topo de linha, um grupo de consumidores, liderado por millennials e representantes da geração Z, estão tomando o caminho inverso e optando por dispositivos menos smart: os dumbphones.

    Conhecidos no Brasil como celulares básicos, ou simples, esses dispositivos móveis não são, certamente, “burros” como sugere o termo em inglês (dumb), mas possuem menos funcionalidades que os tradicionais smartphones.

    Geralmente, eles oferecem apenas opções básicas como fazer chamadas, enviar mensagens de texto e, quando muito, sinal de rádio FM ou uma calculadora. Eles não navegam na internet, nem usam apps ou outros recursos semelhantes.

    Isso significa que muitos dos dispositivos que usamos há mais de duas décadas, como o icônico Nokia 3310 (o do jogo da “cobrinha”) estão de volta entre as gerações mais jovens e adolescentes, especificamente aqueles que buscam se tornar independentes da tecnologia e seus riscos agregados, como ansiedade, depressão e dificuldades de concentração, aprendizagem e socialização.

    “Dobramos nossa participação de mercado de telefones flip no último ano, o que é muito importante para nós. E vemos que agora está a aumentar na Europa”, afirmou o diretor de marketing da Nokia Phones e da HMD Global, Lars Silberbauer, à Euronews Next.

    Não se trata de simplesmente abdicar dos smartphones, que se tornam essenciais em muitos momentos da nossa vida. A ideia é apenas desconectar, ou seja, tirar o chip dos nossos “companheiros” modernos para colocá-lo em amigos do passado.

    Dessa forma, as pessoas continuam acessíveis, podem fazer e atender ligações, mas não se reduzem os impactos das pressões das redes sociais em suas vidas.

    Por que os jovens querem se desconectar mais?

    Para Silberbauer, o renascimento dos dumbphones está relacionando a uma crescente conscientização, entre os adolescentes, sobre o impacto negativo da tecnologia na sua saúde mental. “As mídias sociais são construídas em torno do Fomo (sigla em inglês para “medo de perder algo”), disse recentemente um adolescente de 16 anos à BBC.

    Em um estudo de 2023, pesquisadores da Escola de Saúde Pública T.H. Chan da Universidade de Harvard sugeriram uma relação entre o uso de mídia social e a saúde mental de adolescentes. A ideia, também presente em outras pesquisas similares, é que o uso frequente de sites estimula a mesma parte do cérebro que é ativada ao consumir uma substância viciante.

    Além do risco à saúde, há o fator saturação: “Acho que você pode ver isso com certas populações da geração Z — elas estão cansadas das telas”, afirma Jose Briones, influenciador de dumbphones, em entrevista à CNBC.

    Nostalgia dos anos 90?

    O icônico Nokia 3310 / Reprodução/Internet

    Outra justificativa para a volta dos dumbphones pode ser pura nostalgia. É que os millennials, tidos como jovens até há pouco, agora estão envelhecendo e, frequentemente, têm seus corações capturados por esse sentimento de saudade idealizada do passado, habilmente capitalizado pelas campanhas de marketing.

    Enquanto isso, a geração Z, que nasceu e cresceu na frente das telas, pode estar querendo experimentar, agora, um passado menos complexo que jamais viveu. Nessa pegada, estão também os videogames de inspiração retrô, como os remakes das trilogias de “Crash Bandicoot N. Sane” e “Spyro Reignited”, de jogabilidade simples.

    “As pessoas querem voltar ao início dos anos 2000 ou aos anos 1990, acho que é uma lembrança de uma época mais feliz, uma época em que as coisas eram um pouco mais simples“, aposta — e torce para isso — Silberbauer.

    Dumbphones que são pop em 2024

    A parte boa de ler dicas de celulares básicos, ou dumbphones, é que você não terá que ficar atento a detalhes como pixels, resolução, processador, memória RAM e conectividade.

    Isso porque, nesses modelos, não há o que analisar, a não ser qual deles tem o preço mais baixo e algumas opções diferenciadas, como para idosos, por exemplo. Confira alguns modelos.

    Nokia 110, o basicão

    Celular Nokia 110 4g / Amazon

    Lançado no final do ano passado no Brasil, o basicão da Nokia é o Nokia 110, um dumbphone típico, ideal para usuários que estejam em busca de sua independência das redes sociais, além de oferecer uma boa dose de saudosismo.

    Para reforçar essa sensação de déjà-vu, o dispositivo traz embarcados nada menos que cinco jogos clássicos em sua memória, entre eles o “Snake”, “Football Cup” e “Doodle Jump”.

    Outro recurso marcante do passado, a autonomia vem reforçada nesse modelo com o recurso Battery Saver, que promete até 12 dias longe da tomada, com o aparelho em stand-by.

    Multilaser Flip Vita

    O Flip Vita é ideal para pessoas mais idosas / Multi

    O Flip Vita da Multilaser é direcionado não para as gerações Y ou Z, mas para a galera anterior. Seu teclado amplo facilita a digitação, o que o torna ideal para pessoas mais idosas, principalmente para os que têm dificuldade em enxergar os números na tela de celulares compactos.

    Um recurso importante é que o aparelho “fala” os números pressionados e tem um botão de emergência na parte traseira que liga automaticamente para um número pré-definido pelo usuário.

    Positivo P28

    O Positivo P28 é considerado um feature phone / Positivo

    Com seu estilo retrô, o Positivo P28 também oferece alguns diferenciais para o público mais idoso, como o design, tela de 2,8 polegadas e um teclado anatômico com teclas grandes.

    No entanto, ele é considerado oficialmente um feature phone, pois oferece algumas funcionalidades adicionais além daquelas características de um dumbphone, como acesso limitado à internet, uma câmera simples, rádio FM e suporte para cartão de memória.

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