Américo Martins
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Américo Martins

Especialista em jornalismo internacional e fascinado pelo mundo desde sempre, foi diretor da BBC de Londres e VP de Conteúdo da CNN; já visitou mais de 70 países

Entenda por que a família real não vota nas eleições do Reino Unido

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Serviço do Dia de Natal da Família Real em Sandringham  • O rei Charles; a rainha Camilla; William, o príncipe de Gales; Catherine, a princesa de Gales; o príncipe George; a princesa Charlotte; e o príncipe Louis de Ritain participam do serviço religioso do dia de Natal da família real na igreja de St. Mary Magdalene em Sandringham, no leste da Inglaterra. 25/12/2022. REUTERS/Toby Melville
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O Rei Charles III e os membros mais importantes da família real não votam nas eleições do Reino Unido.

E isso não é uma restrição legal, mas uma convenção para mostrar que a monarquia está acima da política.

A legislação do país restringe o voto apenas para pessoas com menos de 18 anos, que estejam na prisão ou sejam membros da Câmara dos Lordes – que não podem votar por já fazerem parte do Parlamento.

Até os irlandeses residentes no Reino Unido, os britânicos que moram no exterior e alguns cidadãos residentes de países do Commonwealth (a comunidade que reúne basicamente nações que foram colônias do antigo Império Britânico) podem votar.

Portanto, tanto Charles III como sua mulher, a rainha Camila, ou seus filhos, os príncipes William e Harry, poderiam exercer o direito do voto se quisessem.

No entanto, eles evitam as urnas e nunca se manifestam sobre partidos políticos, primeiros-ministros ou outros assuntos de política externa.

A convenção que tenta mostrar a independência política da Monarquia foi aplicada de forma estrita especialmente durante o reinado da falecida rainha Elizabeth II. que durou exatamente 70 anos e 214 dias. Ela nunca votou e nem permitiu que algum membro da família o fizesse.

Alguns fatos levaram os monarcas a adotar essa postura. São eles, por exemplo, que oficialmente ordenam a dissolução do Parlamento, autorizam as eleições e convidam o partido vitorioso a formar um governo.

Curiosamente, o governo é formado em nome do próprio monarca – independente da matiz ideológica do partido vencedor.

Com isso, acontecem situações inusitadas. Por exemplo, quando o monarca faz o seu discurso tradicional no início de todo ano parlamentar, enumerando as prioridades do “seu” governo.

Essas propostas podem variar muito de um ano para o outro, especialmente quando há uma troca nos partidos que comandam o Parlamento.

Um ano, por exemplo, o rei pode defender formalmente em seu discurso o aumento de impostos e investimentos em seguridade social. E fazer exatamente o oposto no outro.