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    Caio Junqueira
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    Caio Junqueira

    Formado em Direito e Jornalismo, cobre política há 20 anos, 10 deles em Brasília cobrindo os 3 Poderes. Passou por Folha, Valor, Estadão e Crusoé

    Funcionários do IBGE exigem exoneração de Pochmann: “Comportamento autoritário”

    Sindicato convoca ato e pede mais diálogo com presidente da instituição

    Pouco mais de um ano após tomar posse, uma rebelião no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) explicita críticas à gestão de Márcio Pochamnn à frente da instituição e pede a exoneração do presidente do órgão.

    Nesta sexta-feira (20), o Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatística (Assibge) anunciou uma convocação de ato na semana que vem em frente à sede do IBGE, no Rio de Janeiro.

    A manifestação “exigirá que o presidente do IBGE, Márcio Pochmann, altere o comportamento autoritário que tem marcado suas ações recentes e estabeleça um real processo de diálogo com os servidores em relação as diversas alterações em curso no Instituto”.

    A CNN encaminhou a Declaração Pública a Pochamnn e aguarda retorno.

    O Assibge cita, ainda, mudanças no regime de trabalho, transferência para o prédio do Serpro no Horto, criação de uma Fundação de Direito Privado, alteração do estatuto, entre outras.

    Simultaneamente, uma carta apócrifa começou a circular entre os servidores detalhando as críticas à gestão Pochmann e pedindo sua exoneração.

    Intitulado “Declaração Pública dos Servidores do IBGE”, o texto detalha as insatisfações.

    Uma delas é com o IBGE+. De acordo com a carta, trata-se de “uma entidade de apoio de direito privado, implementada sem qualquer diálogo com os trabalhadores”.

    “Formalizada em sigilo por 11 meses e anunciada dois meses após sua oficialização em cartório, essa fundação gera dúvidas quanto à sua real finalidade e ao impacto que terá sobre a independência técnica e administrativa do Instituto”, diz o documento.

    Diz ainda ter sido “o responsável por obter e divulgar o estatuto da fundação, em uma atitude que deveria ter partido da própria direção do órgão”.

    “A falta de clareza e participação em um tema tão crítico levanta sérios questionamentos sobre os critérios que nortearam a criação dessa entidade e os riscos de desvirtuamento da missão pública do IBGE em benefício de interesses privados.”

    Estatuto do IBGE reformulado

    Outro ponto é a reformulação do estatuto do IBGE, que, ainda de acordo com o documento, “está sendo conduzida de maneira pouco transparente e sem o necessário debate com os servidores e a sociedade”.

    “O Assibge vem cobrando insistentemente mais transparência e participação no processo, pois qualquer mudança no estatuto pode comprometer gravemente a governança da instituição e a qualidade dos dados produzidos”, diz o texto.

    “Até o momento, no entanto, a presidência tem se mantido inflexível, recusando-se a fornecer informações ou promover discussões abertas com os trabalhadores. Essa postura coloca em risco a autonomia do IBGE e sua credibilidade como fonte confiável de dados estatísticos”, complementa.

    “Viagens excessivas”

    A declaração pública aponta ainda “viagens frequentes e excessivas” de Pochamnn “em um cenário de escassez financeira no órgão”.

    “O IBGE não dispõe de crédito para algumas despesas como o pagamento de aluguéis, está em débito com diversos fornecedores e restringe viagens técnicas essenciais para a condução de pesquisas. A prioridade dada a essas viagens, em detrimento da manutenção das atividades básicas do Instituto, reforça a desconexão entre a gestão e as reais necessidades do IBGE e do país”, afirma.

    Critica também “decisões recentes relativas ao regime de trabalho dos servidores geraram grande desestabilização, em conjunto com a possibilidade de transferência repentina de servidores da área central do Rio de Janeiro para o Horto Florestal — uma área com precário acesso por conta da indisponibilidade de linhas de ônibus, de metrô e que não tem restaurantes no entorno”.

    “Essas atitudes evidenciam a falta de planejamento e respeito para com os trabalhadores. Tais medidas desnecessárias, se implementadas, tendem a aumentar os gastos de custeio, enquanto desconsideram as reais necessidades do Instituto”, complementa.

    O texto termina pedindo a exoneração de Pochmann.

    “Diante dessa gestão centralizadora e autoritária, que tem tomado decisões sem diálogo, ignorando as demandas dos servidores e comprometendo a autonomia e a missão do IBGE, declaramos que não podemos mais tolerar essa situação”, diz o documento.

    “A continuidade desse mandato está comprometendo gravemente o funcionamento da instituição, e o impacto negativo dessas decisões já é sentido diariamente pelos trabalhadores e pela qualidade do trabalho realizado. Assim, os servidores do IBGE manifestam publicamente seu desejo pelo fim do mandato do atual presidente, Márcio Pochmann e informam que já não o consideram como Presidente desta renomada instituição.”

    Diretoria também divulga carta com críticas

    Também nesta sexta, um grupo de coordenadores e gerentes da Diretoria de Geociências assinou uma carta criticando a “ausência de um processo decisório institucionalizado” que “compromete a efetividade das ações e, sobretudo, a harmonia do ambiente de trabalho e o engajamento das equipes com a missão institucional do IBGE”.

    Eles manifestam divergência a quanto à obrigatoriedade do regime de trabalho híbrido, a eventual mudança para o Horto até o final de 2024, a alteração do Estatuto do IBGE e a criação da Fundação IBGE+.

    “Solicitamos que a Alta Direção considere a implementação de um processo de consulta mais amplo e participativo para decisões, especialmente aquelas de grande impacto para a operação e o funcionamento do Instituto, onde nossa experiência seja realmente levada em consideração nas tomadas de decisões, nunca perdendo de vista os valores institucionais de qualidade, imparcialidade e independência”, diz o documento.

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