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    Caio Junqueira
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    Caio Junqueira

    Formado em Direito e Jornalismo, cobre política há 20 anos, 10 deles em Brasília cobrindo os 3 Poderes. Passou por Folha, Valor, Estadão e Crusoé

    51,6% apontam culpa do governo Lula por inflação alta, diz AtlasIntel

    Instituto ouviu 1.322 entre os dias 11 e 13 de março; margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos

    Pesquisa AtlasIntel feita com exclusividade para o programa GPS CNN aponta que a maioria da população atribuiu a culpa pela alta dos preços ao governo federal.

    A pesquisa aponta ainda que o governo deveria fazer mais para reduzir a inflação.

    Ao responder a pergunta “Qual a principal causa para o aumento dos preços?“, o público respondeu o seguinte:

    • 51,6% disseram que a culpa é da política econômica do governo federal;
    • 22,4% disseram que são as empresas e o comércio querendo lucrar mais;
    • 15,3% responderam que a causa são os eventos climáticos;
    • 6% citaram o câmbio e 3,9%, o cenário de instabilidade internacional;
    • e pouco menos de 1% respondeu que o aumento dos preços é causado pela política econômica dos governos estaduais.

    Quando questionados se acreditam que o governo está tomando as medidas certas para conter a inflação:

    • 56,3% dizem que o governo deveria fazer mais para reduzir a inflação;
    • 40,5% acham que o governo está atuando corretamente;
    • e 3,2% não souberam responder.

    Para essas pesquisas, a AtlasIntel ouviu 1.322 entre os dias 11 e 13 de março. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%.

    Camilo Rabelo, economista-chefe da AtlasIntel, explica os motivos de o governo ser o maior impactado pelo aumento de preços.

    “A política econômica tem se tornado cada vez mais importante para a população na hora de avaliar o governo federal, e a inflação é um dos principais critérios que afetam essa percepção, por impactar diretamente a renda disponível da população.”

    Portanto, segundo o economista, “o controle da dinâmica de aumento dos preços torna-se fundamental para o governo, que é visto pela maioria como responsável por essa variação, o que impacta diretamente sua avaliação e aprovação”.

    A pesquisa também mostrou o impacto da inflação no cotidiano dos brasileiros.

    Quando questionados em quais os setores foram percebidos aumento de preços, os mais mencionados foram:

    • Supermercado (86,7%)
    • Combustíveis (45,6%)
    • Alimentação fora de casa (31,8%)
    • Saúde e medicamentos (29,9%)
    • Energia elétrica e gás (23,1%)

    Já quando a pergunta é sobre as estratégias para driblar a inflação, mais da metade das pessoas disse que está procurando promoções e descontos:

    • 46% trocaram produtos por opções mais baratas, deixaram de comprar carne para comprar frango, por exemplo;
    • 44,3% reduziram o consumo;
    • 36,4% passaram a comprar marcas mais baratas;
    • 19,9% disseram que não precisaram mudar os hábitos;
    • 14,2% estão tentando aumentar a renda, com horas extras, por exemplo;
    • 9,2% pegaram empréstimos ou entraram no rotativo do cartão de crédito;
    • e 3,3% precisaram pedir ajuda para familiares e amigos.

    De acordo com o economista-chefe da AtlasIntel, isso explica a tentativa do governo Lula de tentar encontrar saídas para a inflação.

    “Para mais de um brasileiro sobre dois, o governo não está fazendo o suficiente para reduzir a inflação, e deveria fazer mais”, resume Rabelo

    “A questão do nível de preços tornou-se, portanto, fundamental para os brasileiros, e o próprio governo vem trabalhando sua comunicação sobre o assunto, buscando mostrar à população que o problema está sendo endereçado, como mostra o anúncio, no dia 6 de março, da medida que zera a alíquota de importação sobre 9 produtos (dentre eles o azeite, a carne, o óleo de girassol)”, afirmou.

    No entanto, segundo o especialista, para os brasileiros, o esforço do governo Lula “ainda é insuficiente, como mostram os resultados, e a população ainda vê margem de melhora  nas ações do governo federal para reduzir a inflação”.

    “A própria medida sobre a alíquota de importação destes 9 produtos não conseguiu transmitir segurança quanto a sua eficiência, e diversos economistas se mostraram céticos acerca de sua eficiência no combate à inflação.”

    BC x inflação

    A pesquisa também mostrou que a maioria não entende a dinâmica da relação entre a política monetária praticada pelo Banco Central e o controle da inflação.

    Quando questionados sobre as consequências do aumento da taxa de juros pelo Banco Central, 63,4% disseram que o aumento da Selic aumenta a inflação; 23,8% responderam que diminui; 4,5% acham que não tem impacto nenhum e 8,3% não souberam responder.

    “O principal instrumento da política monetária do Banco Central, que busca manter a inflação controlada em torno de 3%, é a taxa básica de juros, que é majorada quando existe uma pressão inflacionária, o que encarece o custo do crédito, limitando o investimento das empresas e o consumo, impactando a demanda, o que alivia a pressão sob os preços”, explica o economista-chefe.

    “No entanto, para quase ⅔ dos brasileiros, a compreensão é invertida, e o aumento da taxa de juros pelo Banco Central teria como principal consequência o aumento da inflação, o que sem dúvidas impacta diretamente as avaliações e a aprovação tanto do Banco Central quanto do Governo Federal”, concluiu Rabelo.

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