Clarissa Oliveira
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Clarissa Oliveira

Viveu seis anos em Brasília. Foi repórter, editora, colunista e diretora em grandes redações como Folha, Estadão, iG, Band e Veja

Lula manterá tom "irredutível" em defesa da soberania, dizem aliados

Governo brasileiro diz que deixará canais de diálogo abertos, mas sem ceder a pressões

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)  • Marcelo Camargo/Agência Brasil
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A poucos dias do prazo para o início do tarifaço de 50% prometido por Donald Trump, o governo federal bateu o martelo na ideia de não ceder ao que avalia ser um “jogo político” desenhado pelos Estados Unidos. Segundo relatos de aliados próximos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manterá abertos todos os canais de diálogo com os americanos, mas será “irredutível” no discurso em defesa da soberania nacional.

A tese que circula no entorno do presidente é a de que Trump recusa o diálogo para que o Brasil lhe sirva como instrumento de pressão sobre outros países. Trump, ainda de acordo com essa avaliação, tomaria para si a pauta bolsonarista com objetivo de fortalecer sua estratégia de pressão sobre o comércio internacional. E pode abandonar Bolsonaro mais adiante.

Embora tenha se empenhado nas últimas semanas em sucessivos contatos com autoridades americanas, o governo Lula é cético em relação às chances de uma negociação antes do dia 1º de agosto.

Neste momento, a equipe de Lula entende que o cenário mais provável é o de que as tarifas de 50% sejam aplicadas para, somente então, a Casa Branca abrir um canal de diálogo com o governo brasileiro. E se as expectativas se confirmarem, a ideia é tentar aproveitar as pressões vindas de empresas americanas que forem impactadas pelas taxas.

Ainda na visão do Planalto, a ofensiva bolsonarista nos Estados Unidos deu a Lula a oportunidade de angariar outras forças políticas em torno da pauta da soberania nacional. O governo viu com bons olhos, por exemplo, o ato realizado na última sexta-feira em defesa da soberania no Largo São Francisco. O movimento foi organizado por iniciativa do PT, mas orquestrado desde o início para dar caráter suprapartidário à resposta ao tarifaço de Trump.