Clarissa Oliveira
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Clarissa Oliveira

Viveu seis anos em Brasília. Foi repórter, editora, colunista e diretora em grandes redações como Folha, Estadão, iG, Band e Veja

Restrições do STF a Bolsonaro dividem opiniões até entre aliados de Lula

Petistas ouvidos pela CNN questionam restrição a entrevistas e veem necessidade de esclarecimento na decisão de Moraes

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Embora sejam tema de defesa pública por parte de líderes governistas, as medidas cautelares impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) dividem opiniões até mesmo entre petistas.

Sob reserva, alguns aliados próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegam a falar em “exagero”. E defendem que o próprio Moraes esclareça alguns trechos de suas decisões.

Há, por exemplo, dúvidas a respeito da forma como a restrição ao uso das redes sociais impacta na possibilidade de o ex-presidente conceder entrevistas.

Ontem, Moraes pediu que advogados de Bolsonaro se manifestem para explicar as declarações dadas por ele na Câmara dos Deputados sobre o uso de tornozeleira eletrônica e vetou a disseminação desse tipo de conteúdo nas redes, seja pelo ex-presidente ou por terceiros.

Há dúvidas sobre até que ponto Bolsonaro poderia ser responsabilizado pela ação de terceiros. Ou, ainda, sobre como a decisão poderia impactar no trabalho de veículos de comunicação, dada a disseminação de eventuais declarações do ex-presidente em canais digitais das próprias empresas de comunicação.

Ainda entre líderes petistas, há quem avalie que Moraes foi duro demais também em outras restrições, como o impedimento de Bolsonaro de se comunicar com o próprio filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro.

Na avaliação de um político próximo de Lula, restrições como essa podem contribuir para alimentar a tese de perseguição política usada pelo bolsonarismo no embate com o STF.

Em geral, entretanto, aliados de Lula fazem a ressalva de que enxergam a abordagem de Moraes como necessária, diante do que consideram uma afronta do bolsonarismo ao Judiciário e ao Estado democrático de Direito.

Diante desse cenário, um jurista com bom trânsito no Planalto defendeu que Moraes esclareça a decisão proferida ontem, após a visita de Bolsonaro à Câmara dos Deputados. Isso seria suficiente, segundo ele, para dissipar incertezas e fortalecer a abordagem do Supremo.