Temor da reação de Trump dificulta lobby pelo Brasil entre empresas dos EUA
Grandes importadores de produtos brasileiros relatam planos de contingência com troca de fornecedor a partir de 1º de agosto
A estratégia brasileira de tentar contornar tarifas com ajuda dos empresários norte-americanos tem enfrentado alguma dificuldade.
Relatos feitos à CNN indicam que importadores de produtos brasileiros têm interesse em reduzir a alíquota, mas, em alguns casos, o desejo esbarra no temor de que levar o caso à Casa Branca pode criar um atrito com Donald Trump.
Nos últimos dias, exportadores brasileiros de vários setores – das frutas à indústria aeroespacial – tiveram inúmeras conversas com clientes dos EUA. A pauta era idêntica: a preocupação com o impacto da tarifa de 50% sobre os produtos a partir de 1º de agosto.
As conversas sempre terminaram com tom construtivo.
Do lado brasileiro, prevalecem as preocupações sobre o impacto na produção, com o destaque de que a relação comercial com os EUA é muito importante. Do lado americano, fica o entendimento de que as tarifas são ruins para o setor e o custo vai recair sobre os consumidores locais.
A partir daí, estabelece o próximo passo: a promessa de que os dois lados seguirão a conversa com autoridades. A ideia é que a parte americana tente sensibilizar autoridades e negociadores da Casa Branca, e os brasileiros façam o mesmo com o MDIC e Itamaraty. Até aí, estão todos na mesma página.
O passo seguinte, porém, tem sido mais complexo que muita gente esperava. Os relatos indicam que essa atuação tem sido discreta do lado americano.
Há percepção, entre os brasileiros, de que importadores americanos temem levar a preocupação à Casa Branca e, assim, despertem reações negativas e a ira do presidente Trump contra o próprio setor.
Nos EUA, uma das maiores compradoras de café, por exemplo, relatou à CNN que segue com as conversas com o setor e as autoridades americanas diante do aumento de tarifas de vários países, inclusive o Brasil.
A empresa, porém, cita que já tem um plano de diversificação de fornecedores para, eventualmente, reduzir o impacto das tarifas de 50% a partir de agosto. A estratégia é simples e direta: trocar o café brasileiro por outro que tenha alíquota menor.