Jussara Soares
Blog
Jussara Soares

Em Brasília desde 2018, está sempre de olho nos bastidores do poder. Em seus 20 anos de estrada, passou por O Globo, Estadão, Época, Veja SP e UOL

Brasil pode atuar como mediador após eleição na Venezuela, dizem fontes

Diplomacia afirma que país vai ser colocar à disposição para atuar na "estabilização política" caso seja convidado

Compartilhar matéria

Os próximos meses devem ser desafiadores para a estabilidade política da Venezuela independentemente do resultado da eleição neste domingo (28). A avaliação de integrantes do Itamaraty é de que uma eventual alternância de poder do governo exigirá apoio da comunidade internacional.

Ainda de acordo com fontes diplomáticas, o Brasil, juntamente com a Colômbia, poderá assumir uma posição no processo de "estabilização política", desde que seja convidado pelo grupo do presidente Nicolás Maduro e pela oposição.

Uma das maiores preocupações é justamente o longo período de transição de governo na Venezuela. São seis meses desde a eleição até a posse presidencial em 10 de janeiro de 2025.

Em comparação, diplomatas citam que democracias consolidadas como Brasil e Estados Unidos, com um tempo de transição de até dois meses, passaram pelo ataques às sedes dos Três Poderes e ao Capitólio, respectivamente nas últimas eleições.

A votação ocorre no domingo (28) sob desconfiança internacional da transparência e confiabilidade dos resultados.

Na quinta-feira (25), os ministros das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, se reuniram no Itamaraty para discutir a eleição venezuelana. Na conversa, reafirmaram preocupação e reforçaram a máxima atenção com a votação.

Vieira e Murillo conversaram sobre a situação na Venezuela na semana passada / 25/07/2024 - Divulgação/Ministério das Relações Exteriores
Vieira e Murillo conversaram sobre a situação na Venezuela na semana passada / 25/07/2024 - Divulgação/Ministério das Relações Exteriores

Com baixa popularidade, Maduro busca um terceiro mandato de seis anos. Ele enfrentará nas urnas como principal adversário o candidato da coalização da oposição, o diplomata Edmundo González Urritia.

Em 25 anos do regime chavista, este é considerado o momento mais favorável para uma alternância de poder, de acordo com as pesquisas de intenção de votos.

O assessor de Assuntos Internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, está em Caracas acompanhando o processo eleitoral. Ele se reuniu com o chanceler da Venezuela, Yván Gil, na sexta-feira (26).

No encontro, descrito para a CNN como “rápido” e “protocolar”, Amorim falou sobre a “importância do processo democrático” e da Venezuela para o Brasil e para a região. O assessor também transmitiu ao chanceler de Maduro o desejo de que tudo transcorra da melhor maneira.