Coronel e fazendeiro são alvos de operação da PF contra grupo de extermínio
Cinco pessoas tiveram prisão decretada nesta quarta-feira (28); outros quatros suspeitos passaram a ser monitorados; veja quem são

A operação da Polícia Federal (PF), deflagrada nesta quarta-feira (28), contra integrantes do grupo investigado por monitorar e planejar assassinatos de autoridades do Supremo Tribunal Federal (STF), teve como alvo acusados de participar da morte do advogado Roberto Zampieri, em Cuiabá (MT), em dezembro de 2023.
Ao todo, cinco pessoas estão presas. Outra quatro são investigadas e sendo monitoradas com tornozeleira eletrônica.
A morte do advogado deflagrou a investigação sobre a venda de sentença nos tribunais do Mato Grosso e do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Foi a partir disso que a polícia chegou ao grupo que se autodenominava “Comando C4” — sigla para Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos.
Dos cinco alvos de prisão preventiva, três já estão presos desde janeiro de 2024, acusados pelo assassinato de Zampieri. São eles:
- Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas - Coronel do Exército na reserva desde 2002, apontado como o financiador da execução do advogado.
- Hedilerson Fialho Martins - Instrutor de tiro e apontado como intermediador.
- Antônio Gomes da Silva - apontado como o homem que atirou em Zampieri.
Nesta quarta-feira (28), também foram presos preventivamente outras duas pessoas:
- Aníbal Manoel Laurindo - Fazendeiro apontado como mandante do assassinato de Zampieri. Ele chegou a ser preso por envolvimento no crime em março de 2024, mas foi solto no mesmo dia.
- Gilberto Louzada da Silva - Ele se identifica nas redes sociais como "consultor de segurança patrimonial" e "instrutor de tiro". Ele ainda se apresenta como sargento de infantaria do Exército entre 1985 e 1992".
A operação da PF, autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), também teve como alvo a comerciante Salezia Maria Pereira de Oliveira, Davidson Esteves Nunes, José geraldo Pinto Filho e o advogado Venites Komel Junior. Todos passaram a ser monitorados por uma tornozeleira eletrônica.
Os nomes dos ministros Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin aparecem em anotações apreendidas pela Polícia Federal (PF).
O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) também teve o nome encontrado nas anotações. Em nota, o ex-presidente do Senado disse que o caso é "estarrecedor".
Segundo a investigação, o grupo C4 mantinha uma tabela com os preços cobrados para monitorar e assassinar autoridades. Os valores chegavam a R$ 250 mil. Se a vítima fosse um senador, o serviço custava R$ 150 mil; no caso de deputados, R$ 100 mil.
As ações da PF são um desdobramento de um inquérito que tramita sob sigilo e que apura também a venda de sentenças judiciais envolvendo servidores do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT).
O que diz a defesa
A defesa do coronel Etevaldo Caçadini disse que, até o momento, “não foi encontrado qualquer elemento ilícito relacionado aos acusados nas buscas realizadas na capital mineira”.
Os advogados também reiteraram a confiança nas instituições e reafirmaram “a convicção na inocência” do militar.
O que diz o Exército
Em nota, o Centro de Comunicação Social do Exército informou que o coronel Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, na reserva desde 2002, “se encontra preso preventivamente, à disposição da Justiça, em unidade do Exército Brasileiro na Guarnição de Cuiabá-MT”.
A instituição acrescentou que acompanha as diligências e, quando solicitada, coopera com as autoridades competentes. No entanto, destacou que não se manifesta sobre processos conduzidos por outros órgãos.
A CNN busca contato com os demais citados na reportagem. O espaço está aberto.