Exército vai evitar posicionamento antes de processo do plano de golpe ser concluído
Atual comandante foi alvo de ataques por se opor a plano, segundo investigação da PF
O Comando do Exército evitará se pronunciar sobre as investigações relacionadas ao suposto plano de golpe tramado pelo ex-presidente Bolsonaro com militares antes do fim do processo.
Apesar de 24 dos 37 indiciados pela Polícia Federal serem militares do Exército, a ordem é adotar cautela para evitar erros ou injustiças, segundo apurou a CNN.
Sob reserva, integrantes do Exército relataram perplexidade com o conteúdo revelado no relatório de 884 páginas divulgado nesta terça-feira (26). Até então, os militares eram tidos como de trajetória “irretocável”.
Outro motivo para o silêncio é evitar que um pronunciamento ou comentário do atual comandante, general Tomás Paiva, seja encarado com um posicionamento político passível de impactar na investigação.
Na época, Tomás Paiva era comandante Militar do Leste e foi citado como um dos integrantes do Alto Comando que resistiram ao golpe.
Além dele, também foram citados por indiciados como opositores ao plano golpista os generais Valério Stumpf (Comando Militar do Sul), general Richard Nunes (Comando Militar do Nordeste), General André Novaes (Comando Militar do Leste) e general Amin Naves (Departamento de Ciência e Tecnologia).
Todos foram alvos de ataques nas redes sociais. Um trecho do relatório cita que os ataques ao atual comandante do Exército teriam partido do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil.
Entre os 17 integrantes do Alto Comando do Exército ao final de 2022, segundo a PF, o único que teria aderido à trama para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder teria sido general Estevam Theóphilo, à frente do Comando de Operações Terrestres (COTER) do Exército. A defesa do general nega as acusações.
Braga Netto ainda teria determinado uma ofensiva digital contra o então comandante do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, e o então Comandante da Força Áerea Brasileira (FAB), Carlos Baptista Junior, que também não aceitaram a proposta apresentada por Bolsonaro.
De acordo com a investigação, o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, foi o único a topar a empreitada. Em uma mensagem, um interlocutor do ex-ajudante de Ordens Mauro Cid diz que Garnier é “patriota” e tinha “tanques prontos”.
Em nota, a Marinha do Brasil negou ter deixado tanques prontos e diz estar à disposição para esclarecimentos.
“Em nenhum momento houve ordem, planejamento ou mobilização de veículos blindados para a execução de ações que tentassem abolir o Estado Democrático de Direito”, diz trecho do comunicado.
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