Apesar do apoio de Lula a Motta, “fator Cunha” preocupa ala do governo
Aliados do presidente lembram o impeachment de Dilma e temem "traição"
Apesar de ter sinalizado apoio à candidatura do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Câmara, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sido alertado por alguns aliados sobre a proximidade do parlamentar com o ex-deputado Eduardo Cunha.
Para uma ala do governo, Lula não pode deixar de ter em mente que foi Cunha – como presidente da Câmara – quem abriu o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, cuja admissibilidade contou com voto favorável do próprio Motta.
Por isso, esses interlocutores do presidente temem o uma eventual “traição”, percepção aguçada pela proximidade que Motta também tem com o senador Ciro Nogueira (PP-PI), aliado de primeira ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na quarta-feira, Motta se reuniu com Lula e, segundo fontes, disse garantir que a sua relação próxima com opositores do atual governo, como Cunha e Nogueira, não impedirá o seu diálogo com o Palácio do Planalto.
Quanto ao voto pela admissibilidade do impeachment, Motta se justificou: votou a favor porque, na época, era filiado ao MDB – partido do então vice-presidente Michel Temer, que acabou assumindo no lugar de Dilma.