Luísa Martins
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Luísa Martins

Em Brasília, atua há oito anos na cobertura do Poder Judiciário. Natural de Pelotas (RS), venceu o Prêmio Esso em 2015 e o Prêmio Comunique-se em 2021. Passou pelos jornais Zero Hora, Estadão e Valor Econômico

TSE cobra resultados de inquérito contra Bolsonaro por ataques às urnas

Corregedor-geral eleitoral, ministro Raul Araújo, deu cinco dias para PF apresentar relatório; procedimento administrativo tramita há três anos

Bolsonaro, ainda presidente, subiu o tom contra o TSE, levantando, sem provas, dúvidas sobre a integridade do sistema eletrônico de votação  • Arquivo - Pedro Kirillos/Estadão Conteúdo
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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cobrou da Polícia Federal (PF) a conclusão de uma apuração sobre os ataques feitos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas.

A decisão foi proferida pelo corregedor-geral eleitoral, ministro Raul Araújo, no âmbito de um procedimento administrativo aberto em 2021. O prazo dado à PF foi de cinco dias.

À época da instauração do processo, Bolsonaro, ainda presidente, vinha subindo o tom contra o TSE, levantando, sem provas, dúvidas sobre a integridade do sistema eletrônico de votação.

As diligências feitas no escopo desse inquérito administrativo subsidiaram a maior parte das provas utilizadas nas ações que acabaram gerando a inelegibilidade do ex-presidente.

Se a PF apresentar novos elementos, essas informações podem embasar outras investigações que implicam o presidente, seja no Supremo Tribunal Federal (STF) ou no próprio TSE.

Nos bastidores, um dos resultados mais celebrados do inquérito administrativo é a desmonetização de canais e publicações que espalhavam notícias falsas ou antidemocráticas.

Segundo a própria PF informou o TSE ao longo da investigação, "há indícios da existência de uma rede de pessoas atuando de forma concertada e sistemática" para descredibilizar as urnas.

As notícias falsas seriam espalhadas em "alto volume" por vários canais, "de forma rápida, contínua, repetitiva e sem compromisso com a verdade", dificultando esforços institucionais de esclarecimento.

Araújo afirma que o seu antecessor na corregedoria, ministro Benedito Gonçalves, havia dado 90 dias para a PF concluir o caso, mas que o prazo transcorreu e a corporação não se manifestou.

"Diante disso, oficie-se a autoridade policial responsável para informar a esta Corregedoria-Geral os resultados das investigações", escreveu Araújo.

A CNN questionou a PF sobre a cobrança do TSE, mas ainda não teve retorno.