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    Priscila Yazbek
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    Priscila Yazbek

    Correspondente em Paris, Priscila é apaixonada por coberturas internacionais e econômicas — e por conectar ambas. Ganhou 11 prêmios de jornalismo

    Furacões se tornam mais lentos e destrutivos devido às mudanças climáticas, dizem estudos

    Com temperaturas mais quentes, furacões pairam sobre as cidades por mais tempo e causam estragos maiores, dizem estudos

    O furacão Milton, que está avançando em direção à Flórida, levanta mais uma vez questionamentos sobre a influência da ação humana e das mudanças climáticas sobre eventos extremos.

    Apesar de estudos afirmarem que provavelmente o aquecimento global não aumentou a frequência de ciclones tropicais, as temperaturas mais altas os torna mais intensos e destrutivos.

    O ciclone que se aproxima da costa leste dos Estados Unidos pode ser uma das tempestades mais destrutivas já registradas, de acordo com o Centro Nacional de Furacões (NHC).

    Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o braço da ONU para mudanças climáticas, o aquecimento global tornou muito provável que esses ciclones alcancem categorias mais intensas, com taxas de chuva mais intensas e velocidades de vento mais altas.

    Se o aumento de temperatura global ficar limitado a 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais (antes de 1840), o número de ciclones tropicais que atingem as categorias quatro e cinco, as maiores, pode aumentar em 10%, de acordo com o IPCC.

    Se o aquecimento alcançar os 2 °C, a incidência das categorias mais fortes pode subir 13%, e, se o aquecimento for de 4 °C, até 20%.

    O mundo já está em média 1,1 °C a 1,3 °C mais quente em relação à era pré-industrial, como resultado da emissão dos gases de efeito estufa.

    Os ciclones tropicais, como o Milton, são alimentados pela temperatura das águas, por meio das quais eles se formam e se movem.

    Em artigo sobre o furacão, a revista britânica The Economist destaca que as temperaturas médias da superfície dos oceanos estão 0,8 °C acima da média do século XX. A energia extra absorvida pelo mar como consequência desse aquecimento permite que as tempestades se intensifiquem mais rapidamente.

    O ar mais quente também retém mais umidade e leva os furacões a durarem mais tempo e despejar mais chuva quando chegam à costa, afirma a reportagem. Ao se mover mais lentamente ou pairar sobre um local, a capacidade de destruição aumenta.

    A velocidade média de avanço dos furacões do Atlântico Norte diminuiu em 17% entre 1944 e 2017, segundo agências meteorológicas e espaciais dos Estados Unidos.

    Em agosto de 2017, o furacão Harvey pairou por três dias sobre Houston, no Texas, registrando quantidades recordes de chuva e causando inundações catastróficas.

    Cientistas afirmaram que o furacão se tornou três vezes mais provável devido às mudanças climáticas.

    Além de serem mais destrutivos, os ciclones também podem atingir regiões que antes não eram afetadas por esse tipo de evento, como países da Europa.

    Houve crescimento da incidência de ciclones tropicais nas proximidades da costa europeia. A Península Ibérica, o sul das Ilhas Britânicas, as Canárias, os Açores ou a Madeira são algumas das regiões que podem passar a ser afetadas por essas tempestades.

    Segundo cientistas, a alteração de rota está ligada às alterações climáticas.

    A cada evento extremo, novos estudos que relacionam esses fenômenos trágicos às mudanças climáticas vêm à tona.

    O furacão Milton é mais um alerta sobre a urgência de ações voltadas à proteção do meio ambiente no mundo todo, sobretudo em um dos países que mais contribuem para o aumento do aquecimento global.

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