Thais Herédia
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Thais Herédia

Passou pelos principais canais de jornalismo do país. Foi assessora de imprensa do Banco Central e do Grupo Carrefour. Eleita em 2023 a Jornalista Mais Admirada na categoria Economia do Jornalistas & Cia.

BC alerta que economia está crescendo acima da capacidade

Copom sobe tom sobre riscos para inflação

Natureza morta de moedas de dólar em escala
Moedas - balança - equilíbrio - dinheiro  • Reprodução: Freepik
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A principal mensagem do Copom ao decidir pela alta da Selic para 10,75%, é que o Brasil está crescendo acima da sua capacidade produtiva, o que é inflacionário.

Até esta reunião de setembro, o Comitê ainda indicava dúvida sobre o ritmo da atividade e o risco de já ter ultrapassado o PIB Potencial. No comunicado do BC divulgado após a decisão, a constatação está clara.

“Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo maior do que o esperado, o que levou a uma reavaliação do hiato para o campo positivo”, diz o documento do Copom.

O termo “hiato” é uma medida da utilização da capacidade instalada no país. Quando ele está negativo, é indicação de que há ociosidade na economia. Ao virar para o positivo, sinaliza que a ociosidade acabou e que a atividade está num ritmo acima do PIB Potencial do país.

“O hiato foi a grande mudança de cenário da última decisão. Esse PIB acelerado fez o hiato ficar positivo e o BC não tinha o que fazer, a não ser subir a Selic. Essa foi a chave para mudança de rumo no Copom", disse Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.

"Junto com isso vem o ‘criador’ desse PIB mais forte, que é o fiscal, o gasto público. A bola está com o executivo para reequilibrar as contas”.

Além da indicação sobre a mudança no hiato do produto, os diretores do Copom foram assertivos ao dizer que o balanço de riscos para a inflação está “assimétrico” para cima, ou seja, com mais riscos da inflação subir do que baixar.

Entre os fatores altistas, o BC lista a desancoragem das expectativas para inflação por um período prolongado; a resiliência da inflação de serviços e fim da ociosidade da economia (o hiato); e a taxa de câmbio respondendo a uma conjunção de políticas econômicas interna e externa de muita incerteza.

Entre os fatores baixistas para o IPCA, o Copom indicou a desaceleração do PIB mundial e a possibilidade de uma queda mais acentuada da inflação global.

“O Copom foi no tom dos problemas concretos que temos hoje no país com hiato positivo, a piora no câmbio e no fiscal. Importante a decisão dos diretores ter sido unânime”, completa Vale.

O Comitê não deu indicações sobre quais serão seus próximos passos, mas diante do quadro de aceleração da atividade econômica acima da capacidade produtiva e da assimetria do balanço de riscos para inflação, a trajetória futura da Selic não tem outra direção que não a de alta.

O Copom avisou que os próximos passos vão depender dos dados e do comportamento de todo ambiente econômico até a reunião de novembro. A velocidade de aumentos da taxa deve ser gradual diante das incertezas sobre o cenário internacional.

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