Após 2° circuit breaker da semana, Bovespa cai 7,6% com pandemia de coronavírus
A Bolsa de Valores de São Paulo desabou nesta quarta-feira (11) e acionou o circuit breaker pela segunda vez nesta semana, diante de temores globais com o coronavírus, agora classificado como pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No fim da sessão, o Ibovespa fechou em queda de 7,64%, a 85.171,13 pontos, nova mínima desde outubro de 2018. O volume financeiro da sessão somou R$ 34,3 bilhões.
Após operar no vermelho desde a abertura, o Ibovespa acelerou perdas à tarde, com o circuit breaker paralisando as negociações por 30 minutos após a OMS ter classificado o coronavírus como pandemia. Na mínima, chegou a cair 12,4%.
Para Alvaro Azevedo, sócio da Vero Investimentos, o mercado ainda aguarda sinalizações mais claras dos governos sobre as medidas que serão tomadas para amenizar os efeitos da epidemia.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, procurou acalmar os temores, afirmando nesta quarta-feira que utilizará todos os recursos governamentais possíveis para combatê-lo. Outros países também intensificaram as medidas de combate ao vírus, com o banco central britânico cortando sua taxa de juros e a Itália aumentando os gastos diante de um crescente números de infectados e mortos no país.
No Brasil, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o Congresso está à disposição do governo para, além das medidas emergenciais de curto prazo, dar respostas aos impactos econômicos da disseminação do vírus.
Mais cedo, a equipe econômica cortou projeção de crescimento neste ano a 2,1%, ante patamar de 2,4% calculado em janeiro. A estimativa ainda é superior à expansão de 1,99% esperada pelos economistas para a economia neste ano, conforme boletim Focus mais recente.
O número de casos confirmados da doença no Brasil chegou a 52 nesta quinta-feira, aumento de 18 em relação à véspera, informou o Ministério da Saúde.
Pressionaram o Ibovespa, a queda dos papéis de Petrobras, afetados após a Arábia Saudita afirmar que planeja expandir ainda mais a capacidade de produção de petróleo, impactando no preço da commodity. As ações preferenciais da petroleira (PN, sem direito a voto), caíram 9,74%, enquanto as ordinárias (ON, com direito a voto), perderam 10,84%.
Pesaram também para a queda da Bolsa brasileira, as perdas de 9,08% das ações ordinárias da Vale, e das preferenciais de companhias do setor aéreo, como Azul (16,4%) e Gol (14,5%).
Na semana, a Bolsa brasileira acumula queda de mais de 13%, chegando a 26,3% de desvalorização em 2020.

Bolsa teve segundo circuit break na semana nesta quarta (11) e caiu 7,64% (09.mai.2016)
Foto: Paulo Whitaker/Reuters
Dólar
No mercado de câmbio, o dólar terminou em alta de 1,61%, a R$ 4,7207, segunda maior cotação de fechamento da história, menor apenas que a do último dia 9 (R$ 4,7256). Na máxima do dia, a cotação bateu R$ 4,7592. O Banco Central (BC) não anunciou leilões de dólar durante a sessão desta quarta, limitando-se a vender o lote de US$ 1 bilhão em swaps cambiais tradicionais que prometeu ofertar.
O UBS revisou sensivelmente para cima sua estimativa para a cotação do dólar ante o real ao fim deste ano, passando a ver a moeda em R$ 4,5, ante prognóstico anterior de R$ 4. "O real sofre com o crescimento (econômico) mais fraco, os termos de troca e a aversão a risco", disse Tony Volpon, economista do UBS.
O Bradesco também elevou a expectativa para o dólar a R$ 4,30 ao término de 2020. "O fortalecimento do dólar em escala global se soma a vetores domésticos conjunturais (frustração com atividade econômica de curto prazo) e estruturais (associados à realocação de portfólios derivada da queda do diferencial de juros entre Brasil e o resto domundo)", disse o banco em relatório em que alterou projeções para indicadores brasileiros.