Intenção de consumo dos brasileiros em 2021 é a menor da história, aponta CNC

Pesquisa destaca inflação, juros altos e incertezas políticas como fatores para baixo desempenho do indicador

Lucas Janone, da CNN, no Rio de Janeiro
Consumidores fazem compras em shopping no Estado da Pensilvânia, nos EUA
Consumidores estão pressionados pela inflação, os juros altos e as incertas políticas  • Mark Makela - 8.dez.2018/Reuters
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A intenção de consumo das famílias brasileiras nunca esteve tão baixa. É o que mostra a pesquisa a da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgada nesta quarta-feira (4), e adiantada com exclusividade pela CNN.

Pressionado pela inflação, os juros altos e as incertas políticas, o indicador atingiu 71,6 pontos em 2021, com uma queda de 9,9% em comparação com 2020. O valor máximo para o índice é de 200 pontos.

“A gente teve uma queda do poder de consumo das famílias porque a renda do trabalho praticamente não subiu. Em contrapartida, o custo de vida por conta da alta no preço do combustível, energia e alimento subiu consideravelmente”, disse o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Renan Pieri, à CNN.

O último recorde negativo do índice havia sido em 2016, ano em que o impeachment de Dilma Rousseff causou instabilidade política no país, aponta a pesquisa. A intenção do consumo das famílias do Brasil teve melhor desempenho em 2012, quando foram registrados 136,4 pontos.

Além da inflação e dos altos juros, a fragilidade do mercado de trabalho e a redução na renda também aparecem como destaque para a queda na intenção de consumo no ano passado. Cerca de 40,6% dos brasileiros afirmam que a renda foi menor em 2021, quando comparado com anos anteriores, segundo o levantamento da CNC.

Já 31,5% apontam que o mercado de trabalho está ‘menos seguro’. “A gente voltou a ter uma aceleração inflacionária no Brasil. E as pessoas normalmente acabam percebendo no bolso. Os produtos ficam mais caros, é um efeito danoso na economia de qualquer país. Esses altos valores prejudicam as pessoas e as empresas, que precisam comprar produtos cada vez mais caros para continuar produzindo. Tudo está interligado já que são as fábricas e indústrias que contratam as pessoas e fazem a economia girar. E com a inflação fica bem mais difícil”, disse o Coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV, Ricardo Teixeira.

Na avaliação por faixa de renda, as famílias mais pobres registraram a menor intenção de consumo no Brasil. A população que recebe até 10 salários-mínimos revelou uma intenção de consumo de 68,4 pontos em 2021.

Já as pessoas que recebem mais de 10 salários-mínimos também tiveram uma queda na intenção, no entanto, não tão acentuado, registrando 86,9 pontos.

Pelo critério regional, a população do Norte apresentou a maior queda da média anual, com um tombo de 26% na intenção de consumo em 2021, em comparação com o ano anterior.

O Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste tiveram uma queda aproximada de 10%. Já segundo a pesquisa, as pessoas da região Sul foram as que mais cogitaram consumir no ano passado, com 79,1 pontos.

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