Taxa alta de juros deve gerar recessão no segundo semestre, diz economista
Quadro atual pode levar a um aumento no desemprego no final de 2022, segundo Paula Magalhães
O Banco Central iniciou em março de 2021 um ciclo de alta de taxa básica de juros, a Selic, que continuou neste mês, e a tendência é que os juros elevados, previstos para chegar no mínimo em 12,75%, levem a economia a uma recessão no segundo semestre, de acordo com a economista-chefe da A.C. Pastore e Associados, Paula Magalhães.
Em entrevista à CNN nesta quarta-feira (30), ela afirmou que "uma taxa de juros deste tamanho é muito alta, e acreditamos que uma recessão para o segundo semestre é muito difícil de ser evitada".
Nesse sentido, um dos efeitos desse quadro é a repercussão no mercado de trabalho, que segundo Magalhães deve ter algum tipo de desaceleração, ou até mesmo uma contração, com aumento no desemprego no final de 2022.
"O que a gente vê na confiança dos empresários é que estão pouco dispostos a abrir empregos, mas estão mais positivos que os consumidores. Vemos uma certa cautela quando fala da parte das expectativas, estão observando esses juros aumentando também, e fica a dúvida de como vão reagir. Nossa expectativa é que essa reação será negativa", diz.
Ao mesmo tempo, ela avalia que o dado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) em fevereiro mostra "algum efeito este ano da adição de empregos de educação, que ano passado ainda não estavam voltando tanto quanto neste ano".
A economista afirma, porém, que a variante Ômicron aparentemente teve um efeito menor na economia que ondas anteriores da Covid-19.
"É um mercado de trabalho que continua se recuperando, mesmo na área de serviços, tem um pouco de diferença nos dados do Caged e da Pnad, mas ambos mostram que o setor de serviços está se recuperando, ainda que lentamente. Pode ser que a Ômicron tenha interrompido um pouco essa recuperação lá em fevereiro, mas como não foi uma onda que teve muitas hospitalizações e mortes relativamente às anteriores".