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    José Manuel Diogo
    Coluna

    José Manuel Diogo

    O homem de lá e de cá. Presidente da APBRA, diretor da Câmara Luso Brasileira em Lisboa. Professor universitário no IDP em Brasília. Escritor. Especialista em relações luso-brasileiras

    Um novo território para a língua

    Estamos acostumados a ver a língua portuguesa como herança. Herança colonial, herança cultural, herança afetiva. Mas, neste novo mundo em reconfiguração — com o Norte e o Sul finalmente se olhando nos olhos — a língua precisa ser vista como plataforma de poder, canal de negócios, estratégia geopolítica.

    Quando a CNN Brasil decide criar um espaço de opinião fixo para falar do Brasil, de Portugal e dos demais países de língua portuguesa, algo importante se desloca na geografia da informação: de fato, a língua deixa de ser apenas um instrumento e passa a ser um território. Um território comum, de futuro compartilhado, fértil como poucos são.

    Pensemos juntos a médio prazo. O que pode ser verdadeiramente transformador nesta nova pauta é a consagração de uma nova centralidade. Não se trata apenas de projetar Portugal como porta de entrada para a Europa ou o Brasil como potência regional. Trata-se de entender que, juntos, os países lusófonos com a sua ligação à União Europeia através de Portugal e, cada um deles em separado aos seus ecossistemas regionais, compõem um arquipélago de influência com potencial de competição direta com os dois grandes polos globais da atualidade — Estados Unidos e China — e sem se submeter a nenhum.

    A CNN, ao pautar essa realidade, não apenas informa os fatos: ela contribui para uma melhor percepção global do momento transformador que hoje a humanidade atravessa. E ao fazê-lo, reconfigura o imaginário de milhões. Porque quando um canal global trata um assunto com constância e inteligência, ele desloca o eixo da sua visibilidade. E, visibilidade, no século XXI, é a moeda mais forte da política internacional.

    Falar com consistência e sentido crítico da atual ligação do Brasil a Portugal, tem efeitos práticos: abre mercados, atrai investimentos, fortalece laços culturais e dá às empresas lusófonas uma nova plataforma de legitimidade. O que muitas vezes parecia ser apenas identidade virou oportunidade. O que parecia ser apenas afinidade histórica torna-se estratégia de futuro.

    A língua portuguesa, falada por mais de 260 milhões de pessoas em cinco continentes, é hoje um ativo geopolítico. E a CNN, ao tratá-la assim, inaugura um novo capítulo: o da lusofonia como potência suave, onde o comércio, a cultura e a cidadania se encontram. Talvez seja este o século em que, pela primeira vez, a nossa língua será não apenas falada por “gente de lá e de cá”, mas ouvida com atenção em todo o mundo.

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