Racismo ambiental e a COP 30
O Brasil e o mundo enfrentam, cada vez mais, tragédias ambientais que vão muito além do que nossos cientistas conseguem ver, principalmente pelos noticiários sobre o clima.
A conexão entre meio ambiente, diversidade e racismo pode parecer tênue, mas, ao se aprofundar neste tema, torna-se evidente que as crises ambientais afetam desproporcionalmente aos que estão à margem da sociedade.
Em um contexto em que a classe média branca e os tomadores de decisão parecem estar distantes das consequências mais severas das catástrofes ambientais, é vital reconhecer quem realmente paga o preço.
O conceito de racismo ambiental, já discutido desde o século passado, revela a intersecção entre injustiça social e degradação ambiental. Esse racismo se manifesta na forma como as comunidades mais vulneráveis, muitas vezes compostas por pessoas negras, indígenas e de baixa renda, são as mais afetadas por desastres naturais, poluição e falta de infraestrutura adequada.
Nas periferias das grandes cidades do nosso país encontramos a maior parte dessas populações, que enfrentam não apenas a exclusão social, mas também a realidade cruel de viver em áreas mais suscetíveis a alagamentos, contaminação do solo e falta de acesso a serviços básicos de saúde.
A situação se repete em outros países, como Estados Unidos, onde comunidades negras e latinas muitas vezes habitam áreas com maior exposição a riscos ambientais. As estruturas de moradia e saúde são frequentemente inadequadas, e a falta de representação política significa que suas vozes são silenciadas nas decisões que afetam suas vidas.
Esses grupos, já marginalizados, se tornam ainda mais vulneráveis às consequências das mudanças climáticas e das políticas ambientais que não consideram suas necessidades e realidades.
No contexto e às vésperas da COP 30 Fórum Brasil Diverso deste ano, que celebra uma década de discussões sobre a diversidade, inclusão e racismo, o evento traz para o debate o tema do racismo ambiental. Este fórum não apenas busca celebrar a diversidade racial, mas pretende ser um espaço de reflexão sobre as intersecções entre meio ambiente e desigualdade social.
Com a aproximação deste evento que o Brasil sediará, o momento não poderia ser mais propício para questionar como as vozes dos mais afetados pelas tragédias ambientais estão sendo ouvidas e representadas nas grandes mesas de discussão.
Ao tratar do racismo ambiental de forma mais analítica, é possível entender que não estamos apenas falando de justiça ambiental, mas de uma luta maior por equidade e respeito à diversidade humana.
As catástrofes ambientais não são apenas desastres naturais; elas são também reflexos de um sistema que perpetua a exclusão e a marginalização. Portanto, ao abordarmos a questão ambiental, precisamos incluir as vozes das comunidades vulneráveis, que têm muito a ensinar sobre resiliência e sustentabilidade.
O Fórum Brasil Diverso é uma oportunidade para ampliar essa discussão, colocando em evidência a necessidade de uma abordagem inclusiva que reconheça e valorize a diversidade em todas as suas formas. Que possamos, juntos, buscar soluções que não apenas mitiguem os impactos das tragédias ambientais, mas promovam a justiça social e a equidade para todos. É hora de transformar a maneira como pensamos sobre meio ambiente, diversidade e racismo, reconhecendo que a luta por um futuro sustentável é, em última análise, uma luta pela dignidade humana.