Maurício Pestana
Coluna
Maurício Pestana

Jornalista, escritor e especialista em Diversidade e Inclusão. Preside o Fórum Brasil Diverso e RAÇA Brasil Comunicações

Semana da ÁFRICA

Compartilhar matéria

Na semana em que comemoramos mais um dia da África é fundamental refletir sobre a visão distorcida que indivíduos e governos do Brasil e do mundo ocidental têm do continente africano e de seus descendentes. Embora a África seja o berço da humanidade, com uma rica história e cultura, ela é frequentemente retratada de forma estereotipada e reducionista. A imagem de uma África pobre, com animais exóticos e um povo primitivo, é uma visão limitada e preconceituosa, que ignora a complexidade e a diversidade do continente, imagem ainda reforçada nos dias de hoje pela mídia em geral.

Essa visão distorcida é resultado de uma longa história de colonialismo e imperialismo, que explorou os recursos naturais e humanos do continente africano, deixando marcas profundas na sua economia, política e sociedade. A escravização de seres humanos, que foi uma das maiores atrocidades da história da humanidade, também contribuiu para reforçar a imagem desumanizada e marginalizada dos africanos e seus descendentes mundo afora.

No entanto, a África é um continente vibrante e diverso, com uma rica cultura e história. É lá que se encontram algumas das religiões mais antigas do mundo, berço do candomblé com seus mais de cinco milhões de anos, do animismo e do islamismo, e é também lá que se encontram algumas das últimas e maiores reservas minerais do planeta. A África é um continente que tem muito a oferecer ao mundo, e é hora de mudar a visão estereotipada e preconceituosa que muitos têm dos africanos, da sua religiosidade, história e contribuição para humanidade.

Infelizmente, a visão distorcida da África se estende aos seus descendentes no mundo, os afrodescendentes, principalmente os de pele negra ou de fenótipo africano. Eles enfrentam um racismo desumano e estrutural, que os marginaliza e os exclui de oportunidades. O racismo é uma doença que afeta não apenas os indivíduos, mas também a sociedade como um todo, e é fundamental que se trabalhe para combatê-lo e promover a igualdade e a justiça.

É hora de mudar a narrativa sobre a África e os afrodescendentes e reconhecer a riqueza e a diversidade da cultura africana e de valorizar a contribuição dos africanos e afrodescendentes para a história da evolução humana. Só assim poderemos construir um mundo mais justo e igualitário, onde todos tenham oportunidades e sejam tratados com a devida dignidade e respeito.