A pandemia está forçando trabalhadores mais velhos a se aposentarem mais cedo

Está mais difícil ser recontratado, o que força muitos nos Estados Unidos a adiantarem as aposentadorias

Anneken Tappe, do CNN Business
Fila de emprego em loja da Target em São Francisco, nos Estados Unidos
Fila de emprego em loja da Target em São Francisco, nos Estados Unidos  • Foto: Robert Galbraith/Reuters
Compartilhar matéria

Os Estados Unidos foram do mercado de trabalho mais forte em décadas para o extremo oposto durante a pandemia. Para trabalhadores mais velhos que perderam seus empregos neste ano, o estado do mercado de trabalho faz com que seja mais difícil ser recontratado conforme a economia se recupera, o que força muitos norte-americanos a se aposentarem mais cedo.

A economia dos EUA perdeu mais de 22 milhões de empregos de março a junho, mas recuperou mais de metade deles nos meses seguintes. Mas assim como a recuperação da economia, a do mercado de trabalho também tem sido desigual.

Leia também:

Desemprego cai, mas EUA frustram com criação de vagas menor que a esperada

"A participação dos trabalhadores jovens na força de trabalho se recuperou quase completamente —provavelmente refletindo os menores riscos à saúde em relação ao vírus e um declínio nas matrículas no ensino superior —enquanto a participação de trabalhadores mais velhos e de mulheres se recupera mais lentamente", escreveu Joseph Briggs, economista do Goldman Sachs, em uma nota a clientes mais cedo neste mês. 

Em novembro, a participação na forla de trabalho era de 61,5%, de acordo com o Gabinete de Estatísticas Laborais. Isso é 1,9 ponto percentual abaixo da taxa de fevereiro, antes que a economia estagnasse.

Briggs estima que houve cerca de 830 mil "aposentados excedentes" em outubro, o que representa um quarto da diferença entre a força de trabalho antes da pandemia e a atual. 

"Não estamos prontos, financeira ou mentalmente, para nos aposentar", disse Rachel E., do estado da Virgínia, que pediu que seu sobrenome fosse omitido para proteger a privacidade dela e do marido. 

O contrato da ex-empreiteira do governo, de 66 anos, foi interrompido em abril. 

"De um salário de seis dígitos por ano a pobreza instantânea com quatro palavras... 'seu contrato foi interrompido'. Parece mais uma aposentadoria antecipada forçada", disse Rachel ao CNN Business por email. 

Voltar a trabalhar é um projeto desafiador por conta dos riscos a saúde de trabalhadores mais velhos. Os empregadores também estão hesitantes em contratar essas pessoas que poderiam ser mais suscetíveis a contrair o vírus, disse Rachel. 

Uma vez que os trabalhadores se aposentam, não é muito provável que voltem a seus empregos. Esses aposentados forçados cairiam na categoria de perda permanente de empregos, algo com que os economistas se preocupam desde o início da pandemia. 

O desemprego permanente é um fardo para o crescimento econômico, particularmente em uma economia voltada ao consumo como a dos Estados Unidos. 

A pesquisa dos lares Census Pulse, enquanto isso, mostra que mais empregados se candidataram a benefícios antecipados do Seguro Social neste ano por conta da pandemia, de acordo com Briggs. 

Ao longo do tempo, a tendência de aposentadoria precoce deve diminuir, disse Briggs, com o aumento dos aposentados eventualmente sendo compensado por um número menor nos próximos anos. 

Mas isso oferece pouco consolo para aqueles que foram forçados a deixarem suas carreiras para trás devido a pandemia. 

(Texto traduzido, leia o original em inglês)

Acompanhe Economia nas Redes Sociais