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Bolsas de Wall Street caem após Trump confirmar tarifas a México e Canadá

Mercados também digerem indicadores que mostraram maior fraqueza na indústria dos EUA

Gustavo Nicoletta, do Estadão Conteúdo
Placa de Wall Street do lado de fora da Bolsa de Valores de Nova York
Placa de Wall Street do lado de fora da Bolsa de Valores de Nova York  • 26/10/2020 REUTERS/Mike Segar
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Os principais índices de ações dos Estados Unidos terminaram o pregão em queda, refletindo a preocupação dos investidores com os potenciais efeitos nocivos das tarifas de importação anunciadas pelo presidente do país, Donald Trump, e a indicadores que mostraram fraqueza no setor industrial.

A Nasdaq foi o índice mais perdedor nesta segunda-feira, com queda de 2,64%. A Nvidia registrou um dos recuos mais intensos, de 8,69%. Destaque negativo também para a Amazon (-3,42%).

O índice S&P 500 caiu 1,76%, enquanto o Dow Jones fechou em queda de 1,48%.

Trump confirmou que amanhã entrarão em vigor tarifas de 25% para Canadá e México. Estas tarifas haviam sido anunciadas originalmente em fevereiro, mas ficaram suspensas por um mês.

O período foi usado para negociações e havia expectativa entre os investidores de que elas pudessem ser amenizadas, o que não se confirmou.

O presidente dos Estados Unidos também confirmou um incremento de 10 pontos porcentuais à tarifa de 10% aplicada sobre produtos da China.

Segundo o banco Wells Fargo, no primeiro mandato, as tarifas aplicadas por Trump afetaram aproximadamente 16% das importações dos Estados Unidos.

Desta vez, contando as tarifas que passarão a valer amanhã para México e Canadá e o incremento na tarifa à China, o porcentual é de 42%.

Na semana que vem, no dia 12, estão previstas tarifas sobre o aço e o alumínio, e no dia 2 de abril "tarifas recíprocas", ainda não especificadas, e tarifas sobre produtos agrícolas, conforme anúncio feito hoje por Trump.

A confirmação das tarifas a Canadá, México e China ocorre no mesmo dia em que dados sobre o setor industrial dos Estados Unidos mostraram sinais de fraqueza na indústria do país, bem como impactos negativos da política de taxar importações.

O assunto foi comentado inclusive pelo megainvestidor Warren Buffet. Em entrevista à CBS News, ele classificou as tarifas como "um ato de guerra" e "um imposto sobre bens".

Em relatório, a corretora Charles Schwab destaca que há um "nível épico" de incerteza em torno das políticas do governo Trump, sejam elas em relação a tarifas ou cortes de gastos.

"As menções a tarifas em teleconferências de empresas superaram os níveis da guerra comercial de 2018", diz o documento, que menciona também a piora do quadro macroeconômico, com destaque para a previsão do Federal Reserve de Atlanta de contração de 2,8% no Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no primeiro trimestre.

Isso, acrescenta a corretora, levou a uma busca por setores mais defensivos nas bolsas americanas, como o de saúde e o financeiro, e à piora no desempenho dos papéis de tecnologia, que sofrem pressão adicional das preocupações com o mérito de investimentos elevados em inteligência artificial.

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