Mercado vê ciclo de alta de juros no Brasil perto do fim, diz Campos Neto
Presidente do Banco Central compareceu nesta terça-feira (31) à Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados para falar sobre as ações do BC no combate ao aumento da inflação e da taxa de juros


O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que nenhum banqueiro central acha confortável subir a taxa básica de juros de um país. Ainda segundo ele, o mercado financeiro já enxerga o fim do movimento de alta dos juros no país, uma vez que o BC brasileiro agiu mais rápida e intensamente.
“O mercado entende que o ciclo de alta de juros no Brasil já está perto do fim. […] Qualquer banqueiro central navega entre não querer subir de mais o juros e não subir de menos e depois ter que pagar o preço de uma recessão”, comentou.
Ele compareceu nesta terça-feira (31) à Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados para falar sobre as ações do Banco Central no combate ao aumento da inflação e da taxa de juros.
Campos Neto ainda destacou o componente global para a inflação recente, que incide principalmente em alimentos, energia e combustível. “Não quero me eximir de responsabilidade […] a inflação no Brasil está alta, mas ainda está dentro da média mundial, que está muito alta”, disse.
De acordo com ele, o Brasil está no meio de países que enfrentam o pior momento da alta de preços recente. “Vemos que muitos países ainda estão com a taxa de juros negativa. Ou seja, o mercado ainda espera que os países desenvolvidos vão subir muito os juros na próximas semanas”, observou.
Atualmente, a taxa básica de juros brasileira, a Selic, se encontra em 12,75% ao ano, após ter permanecido na mínima histórica de 2% a.a. entre agosto de 2020 e março de 2021.
Ainda durante a audiência, o presidente do BC foi questionado sobre a alta nos preços de combustíveis e afirmou que o tema “influência muito as decisões da autoridade monetária”, mas que é uma questão do governo federal e que sofre impacto do cenário internacional.
“Embora o choque de alimentos e combustíveis seja positivo para o Brasil como exportador, tem o problema social do outro lado (preço para o consumidor), que precisa ser endereçado”, completou.