Aumento de gastos públicos pode elevar risco e pressionar inflação, diz BC em ata
Cenário se forma "à medida que pressionem a demanda agregada e piorem as expectativas sobre a trajetória fiscal", diz instituição em nota sobre reunião do Copom da semana passada
O aumento de gastos públicos de forma permanente e a incerteza sobre sua trajetória a partir do próximo ano podem elevar os prêmios de risco do país e as expectativas de inflação, disse nesta terça-feira (1º) o Banco Central, em ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) realizada na semana passada.
O cenário se forma “à medida que pressionem a demanda agregada e piorem as expectativas sobre a trajetória fiscal”, diz em nota. Segundo o comitê, há vários canais pelos quais a política fiscal pode afetar a inflação, incluindo seu efeito sobre a atividade, preços de ativos, grau de incerteza na economia e expectativas de inflação.
Entre os fatores que podem reduzir a pressão sobre a inflação, o BC destaca uma queda adicional dos preços das commodities internacionais em moeda local, desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e a manutenção dos cortes de impostos projetados para serem revertidos em 2023.
O Copom avalia que a inflação de 2022 deve ser de 5,8%. Para 2023, as projeções de inflação são de 4,8%, e 2,9% para 2024.
Na ata, a instituição reitera que seu horizonte relevante segue sendo o primeiro trimestre de 2024, ano em que a projeção da inflação fica ao redor da meta. “Essa avaliação reflete a visibilidade abaixo do normal do cenário prospectivo, que eleva a incerteza das projeções pontuais comunicadas pelo Comitê em horizontes mais longos”.
Sobre isso, o comitê diz que, caso se materialize o cenário alternativo de manutenção da desoneração tributária sobre combustíveis em 2023, voltará a enfatizar os horizontes típicos que incluam o primeiro trimestre de 2023. “No entanto, o Copom avalia que não haverá impactos relevantes sobre a condução de política monetária, uma vez que os efeitos primários de tais medidas já estão sendo desconsiderados”.
O centro da meta inflacionária para 2022 é de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Para 2023, a medida foi definida em 3,25%, com margem para oscilar entre 1,75% e 4,75%. Para alcançar esse número, o BC eleva ou reduz a taxa básica de juros como forma de incentivar (Selic para baixo) ou desestimular (Selic para cima) o consumo.
Na quarta-feira (10), o Copom manteve pela segunda vez consecutiva a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano. O atual patamar é o mais alto desde novembro de 2016, quando a taxa básica estava em 14%.