Caixa-preta de avião é, na verdade, laranja; entenda por que e como ela funciona
Equipamento é fundamental para esclarecer as causas de acidentes aéreos e também serve para detectar e prevenir problemas em aeronaves
É comum após um desastre aéreo que equipes de resgate busquem a caixa-preta do avião. Encontrar este equipamento é fundamental para esclarecer as causas do acidente e tomar medidas para que eventos semelhantes não ocorram novamente.
A caixa-preta é composta por dois equipamentos separados: o Cockpit Voice Recorder (CVR) e o Flight Data Recorder (FDR).
O primeiro grava todo o áudio captado na cabine de comando do avião por meio de três microfones: um do comandante, outro do co-piloto e um terceiro instalado na parte superior do painel. O outro dispositivo armazena todos os dados da aeronave durante o voo, como velocidade, altitude, condições climáticas, curvas, posições dos manetes de acelerador, entre outros parâmetros que permitem recriar a trajetória completa da aeronave em softwares de computador.
“Só podemos retirar a caixa-preta do avião no caso de algum evento de segurança operacional, que seja, classificado como incidente ou acidente”, explicou Augusto Viana, gerente de segurança operacional e comandante da companhia Gol Linhas Aéreas, em entrevista ao CNN Brasil Business.
Segundo o especialista da Gol, as caixas mais avançadas podem armazenar 25 horas de gravação de dados e áudios da cabine. “A cada 25 horas, esses dados são resetados automaticamente.”
“Antigamente, os dados da caixa-preta eram gravados em fitas magnéticas, e a capacidade de armazenamento suportava apenas algumas horas de gravação. Hoje em dia, esses equipamentos são digitais. Dentro da caixa-preta existe um HD, como os de computadores, porém bem mais resistente”, contou Fernando Amaral, gerente de engenharia e do Centro de Controle de Operações de Manutenção da Gol.
Os dados armazenados na caixa-preta são compilados por um equipamento chamado Digital Flight Data Acquisition Unit (DFDAU). “Ele fica localizado na cabine de comando dos pilotos. As equipes de manutenção podem retiram o cartão de memória do DFDAU para analisar a performance do avião e das tripulações. Em aviões mais modernos, como o 737 MAX, a transmissão dos dados pode ser feita de forma remota e em tempo real, enquanto o avião está no ar”, contou Amaral.
“Usamos os dados armazenados no DFDAU para identificar o comportamento dos motores, verificar o fluxo de combustível e óleo, vibrações e diversos outros parâmetros do avião. Esses dados auxiliam as equipes de manutenção a identificar panes e determinar a causa com maior precisão. É um equipamento muito importante para a predição de problemas”, acrescentou o gerente de engenharia da Gol.
Caixa-preta, na verdade, é laranja
O termo caixa-preta hoje em dia é uma espécie de apelido para os gravadores de dados e vozes. O equipamento é pintado, porém, com a cor laranja. Essa coloração se destaca em praticamente qualquer tipo de ambiente (seja numa floresta ou no fundo do mar) e facilita a localização do equipamento entre os destroços de um avião acidentado.
No entanto, as primeiras caixa-pretas, introduzidas no final da década de 1940, eram, de fato, pretas. O equipamento era instalado na cabine de comando dos aviões e eram cobertos por uma tampa preta. Outra explicação tem a ver com um costume dos pilotos britânicos, que chamavam os novos equipamentos eletrônicos introduzidos nas aeronaves de “another black box” (outra caixa-preta), pois esses itens eram instalados em caixas pretas no cockpit.
Ultra-resistente e autossustentável
Os gravadores CVR e FDR são projetados para suportarem impactos fortíssimos e variações térmicas extremas. A caixa que protege os equipamentos de gravação é construída com uma liga ultra-resistente de aço e titânio. Esse “escudo” precisa suportar forças de acima de 3.000 G (3.000 vezes a força gravitacional da Terra) e temperaturas que podem variar de -60° C até 1.100° C.
A caixa-preta também tem sua própria fonte de energia elétrica. “É um equipamento que precisa continuar funcionando mesmo após um acidente, por isso, ela tem sua própria fonte de energia. Ela é autossustentável”, disse Amaral. “A bateria da caixa-preta não é recarregável. Ela dura cerca de sete anos.”
Outro recurso importante da caixa-preta é um dispositivo que emite um sinal de localização que pode ser rastreado até no fundo do mar. “No caso de um acidente, a caixa-preta emite um sinal de rádio e outro luminoso”, acrescentou o gerente de engenharia da Gol.
Em todos os aviões que possuem caixa-preta, o equipamento é sempre acondicionado na parte traseira. Normalmente, a cauda da aeronave é a parte que sofre o último impacto num acidente e sofre menos danos.
“No Boeing 737 MAX, por exemplo, o gravador de dados de voo fica localizado na parte traseira da cabine de passageiros, acima dos toaletes, e o gravador de voz fica no bagageiro traseiro, próximo da porta de carga”, explicou Amaral.
A instalação da caixa-preta é obrigatória em certos tipos de aeronaves. O gravador de voz é requerido em aviões com mais de seis assentos, enquanto o gravador de dados e de voz são obrigatórios em aeronaves com mais de dez assentos. “Em aviões menores, não é obrigatório a instalação de caixa-preta, até porque é um equipamento caro. Custam entre US$ 30 mil e US$ 40 mil”, concluiu o gerente de manutenção da Gol.
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