Celular e TV já estão mais caros e podem até faltar nas lojas

Impacto do coronavírus no fornecimento de peças e disparada do dólar elevam custos e indústria repassa preço maior às lojas

Fernando Nakagawa, da CNN
Homem manuseia celular
Homem manuseia celular: aparelhos ficam mais caros por causa da pandemia de coronavírus  • Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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Fabricantes de telefones celulares, televisões e aparelhos eletrodomésticos já usam novas tabelas com preço maiores para vender ao comércio. A informação foi confirmada por duas grandes varejistas nacionais.

O reajuste é resultado da diminuição –ou até interrupção– do fornecimento de peças gerada pelo coronavírus e também pela disparada do dólar. Lojistas trabalham, inclusive, com a perspectiva de falta de alguns produtos nas próximas semanas. “Infelizmente, o cenário é de alta de preço e falta de produto em algumas linhas”, diz o presidente de uma grande varejista nacional. 

O principal problema ainda está no fornecimento de componentes vindos da China e de outros países da região, como Coreia do Sul. Sem peças, algumas fábricas interromperam linhas de montagem e outras operam em esquema emergencial apenas com produtos que ainda têm componentes.

Telefones celulares de última geração, grandes televisores com tecnologia avançada –como 4K– e modelos mais sofisticados de eletrodomésticos montados no Brasil estão entre os itens que começam a sofrer com a falta de componentes.

Modelos mais simples têm componentes que podem ser comprados de outros países que não sofreram com a doença ou até mesmo de fornecedores nacionais. Por isso, sofrem menos. 

Nos casos em que há restrição nas peças, fabricantes têm dado preferência em entregar a produção restante aos grandes varejistas que compram os maiores volumes. “Para os pequenos, já começaram a dizer não para pedidos e entregas”, diz uma fonte do setor.

Diante desse cenário, muitos fabricantes atualizaram tabelas e já cobram mais por celulares, televisões, máquinas de lavar e geladeiras. Isso acontece porque as peças que continuam chegando ao Brasil são cotadas em dólar, e, com a disparada das últimas semanas, é preciso mais reais para pagar o mesmo produto.

Dados da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) mostram que cerca de 60% dos componentes do setor são importados. A China é a principal origem com participação de 25% de todas as peças usadas pelo setor no Brasil –o que somou US$ 7,5 bilhões em 2019. 

Com essa forte exposição às peças importadas, fabricantes começam a repassar o aumento de preços nos novos pedidos, principalmente para as pequenas lojas que têm pouco poder de barganha. Essa tendência deve se acentuar nas próximas semanas, conforme o estoque é renovado pelo varejo. Normalmente, varejistas operam com estoque que permite vendas por período entre 30 e 45 dias nos segmentos afetados.

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