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    Em NY, Pérsio Arida defende abertura de mercado e reformas para país crescer

    Integrante da equipe econômica de transição de Lula aponta vantagens de ingresso na OCDE e de acordo com UE; Segundo ele, não há motivos para Chile crescer mais que o Brasil nos último 20 anos, exceto por reformas realizadas

    Daniel Reisda CNN

    O ex-presidente do Banco Central e do BNDES Pérsio Arida defendeu que o Brasil abra seu comércio ao mundo e realize as reformas de Estado e tributária, em fala durante evento em Nova York, nesta terça-feira (15).

    Ao discursar a empresários, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e autoridades presentes no Lide Brazil Conference, Arida afirmou que o principal desafio econômico do país é crescer de forma “inclusiva e sustentável” e lamentou que o Brasil tenha decepcionado nesse quesito.

    O economista, que foi um dos idealizadores do Plano Real, elencou três ações necessárias para que o país retome o crescimento, começando pela abertura de comércio com o mundo.

    “O Brasil tem que abrir a sua economia, firmar o acordo do Mercosul com a União Europeia, entrar na OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico] e tomar as medidas necessárias para se integrar ao máximo na economia mundial. Esse é o caminho, inclusive, para ter mais produtividade e conseguir atrair mais capitais para o Brasil”, afirmou Arida.

    Segundo o economista, a ideia de “cortar canais com o resto do mundo não faz sentido”. Ele integra a equipe econômica do grupo de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

    Ele mencionou o agronegócio brasileiro como “o nosso principal exemplo de sucesso” por possuir tecnologia e estar voltado essencialmente ao mercado externo. “É esse o nosso caminho. Não há economia que tenha se desenvolvido no mundo das economias emergentes sem ser uma economia aberta. O Brasil é uma economia fechada”, disse.

    Ao abordar a reforma de Estado, Arida ressaltou que muitas mudanças atravessam questões culturais do país. “Sobretudo, na forma pelo qual o Estado é gerido”, pontuou.

    Segundo ele, atualmente o Estado gasta muito, mas gasta mal, e é “percebido publicamente como ineficiente”. Em sua avaliação, é necessário revisar os gastos públicos para aferir se esses fazem sentido ou não no atual contexto.

    “Há camadas e camadas de gastos que perderam muitas vezes o sentido, estão mal focalizados, podem ser eliminados, reduzidos de uma forma mais eficiente sem prejudicar a qualidade do serviço”, destaca Arida.

    Ele acredita que o Brasil deveria repetir o Spending reviews, modelo aplicado em outros países para revisão de gastos de forma independente.

    Arida também defendeu uma reforma da tributação para um modelo tributário “mais justo”. “Hoje é um fato que a tributação atinge desproporcionalmente os mais pobres”, disse.

    “O Brasil tem um contencioso tributário que fala por si. O tamanho do contencioso tributário nos diz que nosso sistema funciona mal. Arrecada muito, mas funciona mal”, destacou o idealizador do plano real.

    Para ele, as reformas já se mostraram importantes para o crescimento de outros países. “Se nós olharmos na América Latina, não tem nenhum motivo para o Chile crescer mais que o Brasil todos os anos nos últimos 20 anos. Exceto pelo fato de que o Chile fez reformas antes do Brasil”,

    Arida mencionou que o país enfrentará um cenário externo adverso em 2023 diante da recessão nos Estados Unidos, com a alta na taxa de juros, e pelas dificuldades econômicas na China.

    Apesar disso, o economista destacou que o país deve ter grandes ambições. “Não tenho a menor dúvida de que podemos e devemos ambicionar o nível mais alto de crescimento econômico”.

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