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Empresários pedirão ao governo tom moderado nas negociações com Trump

Executivo promove nesta terça-feira (15) primeiras reuniões entre comitê interministerial e representantes do setor privado

Gabriel Garcia, da CNN, Brasília
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Empresários do agronegócio e da indústria nacional pretendem pedir ao governo federal que adote cautela, tom moderado e invista nas tratativas diplomáticas ao negociar tarifas comerciais com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Nesta terça-feira (15), o governo se reúne com representantes dos dois setores no primeiro encontro do comitê interministerial criado para formular a resposta brasileira à tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre a importação de produtos brasileiros.

Segundo empresários que participarão da reunião ouvidos pela CNN, a maior parte do setor produtivo deve levar ao governo o pleito de manter uma postura moderada nas tratativas com Trump e insistir na via diplomática.

Em discursos públicos, ministros têm reiterado que a diversificação e a abertura de novos mercados podem ser alternativas para reduzir o impacto da tarifa.

Empresários, porém, avaliam que, embora a ampliação de mercados seja positiva, ela não representa uma solução de curto ou médio prazo.

A complexidade das cadeias produtivas e o peso do mercado consumidor dos EUA tornam a diversificação apenas uma estratégia para minimizar impactos.

O setor de suco de laranja, por exemplo – sexto produto mais exportado pelo Brasil aos EUA –, é um dos que menos se beneficiariam dessa alternativa.

As vendas para os norte-americanos respondem por cerca de 40% das exportações do setor, tornando o mercado dos EUA insubstituível no curto prazo.

Reunião entre governo e empresários

O governo federal inicia, nesta terça-feira, uma série de reuniões com representantes do setor privado para discutir alternativas e estratégias de negociação com os Estados Unidos.

Serão os primeiros encontros do comitê interministerial criado pelo governo para formular a resposta brasileira à tarifa.

A ideia do Planalto é aproveitar a interlocução e o acesso dos empresários brasileiros ao mercado dos EUA para alinhar o discurso entre os setores público e privado e definir a melhor estratégia de negociação.

Nesta segunda-feira (14), o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), negou que o Brasil tenha feito qualquer pedido aos EUA para reduzir a tarifa anunciada ou para prorrogar o prazo para sua entrada em vigor, prevista para 1º de agosto.

O vice-presidente argumenta que, antes de o governo tomar qualquer decisão, é fundamental ouvir o setor privado, que mantém interlocução direta com o mercado norte-americano.

A decisão de criar o comitê foi tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os trabalhos serão comandados pelo ministério liderado por Alckmin, com apoio da Fazenda, Casa Civil, Itamaraty e Relações Institucionais.

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