EUA estão próximos da meta de inflação, mas não deve ter pressa para cortar juros, diz diretor do Fed
Quando os cortes acontecerem, Christopher Waller afirma que devem ser feitos de forma "metódica e cuidadosa"
Os Estados Unidos estão próximos da meta de inflação de 2% do Federal Reserve (Fed), mas o banco central norte-americano não deve se apressar em cortar sua taxa básica de juros até que esteja claro que a baixa da inflação será sustentada, disse o diretor do Fed Christopher Waller nesta terça-feira (16).
Independentemente de quando os cortes nos juros começarem, Waller afirmou que eles devem ser feitos de forma “metódica e cuidadosa”, e não por meio de reduções grandes e rápidas, como as usadas quando o Fed está tentando salvar a economia norte-americana de um choque ou de uma recessão iminente.
“O principal é que a economia está indo bem. Ela está nos dando a flexibilidade para agir de forma cuidadosa e metódica. Podemos ver como os dados estão chegando, ver se o progresso está sendo sustentado”, disse Waller em comentários em uma discussão online organizada pela Brookings Institution.
“A pior coisa que poderíamos fazer é reverter tudo depois de já termos começado a cortar. Nós realmente queremos ver evidências de que esse progresso (…) nos dados reais e nos dados de inflação. Acredito que isso acontecerá”.
Os comentários de Waller contrariaram as expectativas do mercado de que o Fed começará a cortar os juros em sua reunião de março e reduzirá talvez 1,5 ponto percentual (p.p.) da taxa básica até o final do ano. Depois das falas, operadores reduziram as apostas de que o banco central reduziria em março os custos de empréstimos, que são mantidos na faixa atual de 5,25% a 5,5% desde julho.
A próxima reunião do Fed será nos dias 30 e 31 de janeiro.
“Com a atividade econômica e os mercados de trabalho em boa forma e a inflação gradualmente em queda para 2%, não vejo razão para agir tão rapidamente ou cortar tão rapidamente como no passado”, disse Waller, contrariando as expectativas do mercado de que o Fed começará a reduzir os custos de empréstimos na reunião de março e poderá reduzir 1,5 ponto percentual dos juros até o fim do ano.
Desde de julho o Fed trabalha com uma taxa básica na faixa de 5,25% a 5,5%.
Os dados recentes “são quase tão bons quanto podem ser” para o banco central, com o crescimento econômico desacelerando gradualmente, a taxa de desemprego permanecendo baixa e indicadores importantes de inflação atingindo a meta de 2% do Fed nos últimos seis meses, disse Waller.
O diretor é um dos principais arquitetos do aperto monetário agressivo do Fed, mas agora concorda que o momento para cortes provavelmente está se aproximando.
“Os dados que recebemos nos últimos meses estão permitindo que o Comitê (Federal de Mercado Aberto) considere a possibilidade de cortar a taxa básica de juros em 2024”, disse Waller, em evento da Brookings Institution.
Entretanto, ele advertiu que, até que passe qualquer risco de que a inflação ressurja ou que as tendências recentes se revertam, as mudanças na política monetária devem “ser cuidadosamente calibradas e não apressadas”.
“Estou cada vez mais confiante de que estamos a uma distância próxima de atingir um nível sustentável de 2% de inflação do índice PCE. Acho que estamos perto”, disse Waller, referindo-se ao índice que o Fed usa para definir sua meta de inflação.