Exportações de carne bovina para China devem ser retomadas em abril, segundo AEB
Cálculo da Associação dos Exportadores é de prejuízo de US$ 500 milhões

A suspensão das exportações de carne bovina para a China deve durar até abril, segundo José Augusto de Castro, presidente da Associação de Exportadores Brasileiros.
O prazo é mais realista, segundo o executivo disse à CNN, pelo tempo necessário para esclarecer todos os pontos e retomar os embarques. Para Augusto de Castro, o setor vai amargar um prejuízo de cerca de US$ 500 milhões.
“Esse valor é muito distante do prejuízo bilionário do período de suspensão em 2021, mas vai acontecer. Além disso, os embarques serão adiados, os produtores não vão perder tudo por causa da suspensão. Parte pode ser direcionada ao mercado interno e também a outros países”, disse o presidente da AEB à coluna.
A suspensão dos embarques foi acionada depois da confirmação de um caso de vaca louca numa fazenda no Pará. O Brasil adota o autoembargo para cumprir um protocolo sanitário assinado com China em 2015.
A última vez que isso aconteceu foi em 2021, quando país ficou mais de 100 dias sem exportar carnes para os chineses. A demora aconteceu por causa da relação conflituosa do ex-presidente Jair Bolsonaro com a China.
Para José Augusto de Castro, a oferta de carne não deve mudar os preços no mercado interno. O preço do boi vivo está em queda no mercado internacional, o que pode aliviar um pouco os preços e segurar a operação dos pecuaristas, segurando o abate.
O executivo acredita que o fluxo comercial será retomado sem problemas porque o mundo não tem carne bovina suficiente e a própria China vai manter sua demanda.
Preços não devem ter queda no Brasil
A expectativa por alguma recompensa no mercado doméstico deve ser limitada, segundo o economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas.
Braz lembra que os pecuaristas podem aproveitar para manter o gado no pasto por mais tempo, antes do inverno chegar. Ele não espera redução relevante de preços para o consumidor brasileiro.
“Os pecuaristas podem segurar o gado no pasto algum tempo, mas não conseguem fazer isso infinitamente, exatamente por questões climáticas e o quanto isso pode aumentar os custos num pasto sem água com a proximidade do inverno. É uma situação delicada que setor está muito acostumado a lidar. Provavelmente mercado vai se ajustar a essa demanda mais fraca da China e vamos ver alguma recompensa no preço mas não tão grande”, disse Braz à coluna.