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Governo detalha cortes e anuncia bloqueio de R$ 7,1 bilhões em emendas

Medida tem intuito de alcançar meta de zerar déficit primário em 2025

Cristiane Noberto, da CNN, em Brasília
Prédios da Esplanadas dos Ministérios
Prédios da Esplanadas dos Ministérios  • Arquivo - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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O governo anunciou o bloqueio de R$ 7,1 bilhões em emendas parlamentares e contigenciamento de R$ 2,3 bilhões no Ministério das Cidades para cumprimento do arcabouço fiscal. O ministério da Educação e o Banco Central não tiveram cortes.

Os números estão no Decreto de Programação Orçamentária e Financeira publicado pelo governo em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), na noite desta sexta-feira (30). O documento especifica os cortes de recursos nos ministérios, órgãos e programas do orçamento de 2025.

Do total de R$ 31,3 bilhões em congelamento, anunciados pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento), R$ 20,7 bilhões foram em contingenciamento — valores que ficam temporariamente indisponíveis, podendo ser liberados ao longo do ano, e R$ 10,6 bilhões em bloqueio — que ficam definitivamente indisponíveis para execução, podendo ser cancelados para abertura de créditos adicionais.

No detalhamento, R$ 24,2 bilhões correspondem a despesas discricionárias, das quais R$ 15,98 bilhões foram contingenciados e R$ 8,22 bilhões foram bloqueados.

O ministério do Planejamento detalhou da seguinte forma: Novo PAC teve R$ 5,04 bilhões contingenciados e R$ 2,61 bilhões bloqueados; já as demais despesas discricionárias, registrou R$ 10,94 bilhões em contingenciamento e R$ 5,61 bilhões em bloqueio.

Para as emendas parlamentares (RP 6, RP 7 e RP 8), dos R$ 7,14 bilhões contidos, R$ 4,71 bilhões foram contingenciados e R$ 2,42 bilhões bloqueados.

Após a publicação do decreto, os ministérios têm prazo de cinco dias úteis, até 6 de junho, para indicar quais programas e ações terão despesas suspensas ou adiadas.

Caso não atendam o prazo, o decreto determina que o MPO “adotará as providências para o bloqueio do valor necessário, nos dois dias úteis subsequentes ao fim do prazo previsto”.

A medida tem o intuito de alcançar a meta de zerar o déficit primário em 2025, que admite um resultado negativo de até R$ 31 bilhões, o equivalente a 0,25% do PIB.

Confira o detalhamento dos cortes por ministério

Cortes totais por órgão – Contenção de R$ 31,3 bilhões

  1. Ministério das Cidades – R$ 4,29 bilhões
  2. Ministério da Defesa – R$ 2,59 bilhões
  3. Ministério da Saúde – R$ 2,37 bilhões
  4. Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome – R$ 2,12 bilhões
  5. Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional – R$ 1,30 bilhão
  6. Ministério dos Transportes – R$ 1,49 bilhão
  7. Ministério da Fazenda – R$ 1,41 bilhão
  8. Ministério da Justiça e Segurança Pública – R$ 748,6 milhões
  9. Ministério da Agricultura e Pecuária – R$ 622,8 milhões
  10. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – R$ 679,9 milhões
  11. Presidência da República – R$ 681,6 milhões
  12. Ministério da Previdência Social – R$ 586,4 milhões
  13. Ministério das Relações Exteriores – R$ 581,8 milhões
  14. Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar – R$ 502,2 milhões
  15. Ministério do Turismo – R$ 489,3 milhões
  16. Ministério da Cultura – R$ 254,8 milhões
  17. Ministério do Trabalho e Emprego – R$ 225,8 milhões
  18. Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos – R$ 325,0 milhões
  19. Ministério do Planejamento e Orçamento – R$ 301,7 milhões
  20. Ministério do Esporte – R$ 333,7 milhões
  21. Ministério de Portos e Aeroportos – R$ 780,8 milhões
  22. Ministério das Comunicações – R$ 168,8 milhões
  23. Ministério da Igualdade Racial – R$ 45,4 milhões
  24. Ministério das Mulheres – R$ 63,4 milhões
  25. Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima – R$ 34,6 milhões
  26. Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte – R$ 53,6 milhões
  27. Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania – R$ 87,4 milhões
  28. Ministério da Pesca e Aquicultura – R$ 53,7 milhões
  29. Controladoria-Geral da União – R$ 36,6 milhões
  30. Advocacia-Geral da União – R$ 140,2 milhões
  31. Gabinete da Vice-Presidência da República – R$ 1,3 milhão

Fundos para cobrir IOF

No relatório bimestral da semana passada, a equipe econômica também anunciou o aumento de 3,5% no Imposto sobre Operações de Crédito (IOF) em determinadas operações na divulgação do primeiro relatório de avaliação de receitas e despesas.

Após a reação do mercado e de parlamentares, a equipe recuou de pontos da medida que diziam respeito a investimentos de fundos e de pessoas físicas no exterior, o que gerou uma perda estimada de R$ 1,4 bilhão na arrecadação.

Conforme adiantou a CNN, o valor será coberto com recursos do Fundo Garantidor de Operações (FGO), com R$ 1,25 bilhão, e do fundo de crédito educativo (FGEDUC), com R$ 125 milhões.

“Foi necessária a adoção de ações para viabilizar arrecadação de recursos adicionais”, informou o governo em nota. A compensação por meio dos fundos evita novos cortes nos gastos não obrigatórios.

“A receita adicional de resgate de cotas compensará a redução na estimativa de arrecadação de IOF, não havendo alteração na contenção de despesas primárias discricionárias”, diz o comunicado.

As novas estimativas devem ser incorporadas no próximo relatório bimestral de receitas e despesas.

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