Lagarde insiste que inflação vai parar de subir na zona do euro
Presidente do BCE espera que preços de energia e alimentos se estabilizem, embora a níveis altos

Os preços de alimentos e energia na zona do euro devem parar de subir, o que ajudaria a região a evitar a combinação de estagnação do crescimento e inflação alta temida por economistas, disse nesta quarta-feira (30) a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde.
A inflação na Espanha atingiu 9,8% este mês e deve ficar acima de 7% na Alemanha, o que deve levar a zona do euro para outra máxima recorde quando os dados do bloco forem publicados na próxima sexta-feira.
Lagarde disse que o cenário para a inflação é "fluido" uma vez que a guerra na Ucrânia força os economistas a revisarem constantemente suas projeções econômicas.
Mas ela espera que os preços de energia e alimentos, que bateram novas máximas desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, se estabilizem, embora a níveis altos.
"Sabemos que veremos inflação mais alta este ano, não há dúvidas sobre isso", disse Lagarde. "Mas também estamos vendo que alguns desses fatores que alimentam a inflação hoje, energia e alimentos, permanecerão altos. Mas não estimamos que eles continuarão a subir."
Ela reconheceu que a zona do euro enfrenta crescimento mais lento e inflação mais alta, mas ainda acredita que pode evitar a "estagflação", o que ela definiu como "recessão da economia em base sustentável e inflação alta e continuando a subir".
BCE diz que tomará qualquer ação necessária para garantir estabilidade de preços*
Ainda nesta quarta-feira, Gabriel Makhlouf, membro do Conselho do Banco Central Europeu, reiterou o compromisso da autoridade monetária em "tomar qualquer ação necessária" para garantir a estabilidade de preços na zona do euro.
Em discurso no parlamento irlandês, o dirigente afirmou que ainda é cedo para formar uma visão definitiva sobre as consequências econômicas do conflito decorrente da invasão russa da Ucrânia.
"A guerra provavelmente terá um impacto significativo na atividade econômica e na inflação na área do euro", disse.
Para Makhlouf, que também é presidente do Banco Central da Irlanda, o confronto bélico no Leste Europeu adiciona incertezas às perspectivas.
"Mas em alguns países, incluindo a Irlanda, os efeitos serão mais indiretos do que em outros, embora isso não signifique que serão insignificantes", argumentou.
*Com Estadão Conteúdo