Medidas econômicas estão na direção certa, dizem ex-presidentes do BNDES e do BC
Em entrevista à CNN, especialistas avaliam que dificuldade para conter impacto econômico da pandemia do novo coronavírus está na execução das medidas

As medidas econômicas anunciadas pelo governo federal para conter os impactos da crise do novo coronavírus na economia foram avaliadas de forma positiva por Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central (BC), e Maria Silvia Bastos, ex-presidente do BNDES, em entrevista concedida à CNN nesta terça-feira (7).
Segundo Loyola, os problemas estruturais do Brasil dificultam muito o combate a uma pandemia. Apesar disso, ao analisar as medidas tomadas pelo governo, o ex-presidente do BC considerou que estão corretas e são "interessantes em todas as dimensões".
"Em uma situação como essa, em primeiro lugar é preciso assegurar recursos suficientes para a linha de frente ao combate. A segunda prioridade é lançar uma rede de proteção às familias mais necessitadas, que vão perder renda. Em terceiro lugar, cuidar das empresas para evitar que a crise tenha efeitos permanentes sobre a estrutura produtiva da economia", disse ele.
Loyola afirmou ainda que o problema do governo é o de execução. "A dificuldade que se tem de fazer com que os recursos cheguem à ponta, o excesso de burocracia, isso dificulta a maior eficácia das medidas."
Maria Silvia Bastos concordou com o ex-presidente do BC e disse que "as medidas econômicas estão todas na direção certa, e a questão é a execução".
Ela avaliou ser importante utilizar essa crise como uma oportunidade para fazer reflexões, e disse que, se tivéssemos passado por este momento em 2016, estaríamos "extremamente vulneráveis do ponto de vista fiscal, muito mais do que atualmente".
"De lá para cá, diversas reformas foram feitas, como a trabalhista e a da Previdência. Então, a primeira coisa é reconhecer a importância dessas reformas. O segundo ponto que essa crise nos coloca para refletir é a necessidade da cooperação entre pessoas, a solidariedade, o entendimento que o bem-estar individual não existe. O terceiro ponto é a questão da tecnologia e da comunicação. Imaginem se nós não tivéssemos privatizado as telecomunicações há 20 anos. Possivelmente estaríamos vivendo um apagão tecnológico", afirmou a ex-presidente do BNDES.